NO PRÓXIMO DOMINGO, 7 DE ABRIL, NO MUSEU FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR
A primeira monografia sobre Julio/Saúl Dias encerra exposição Tarde Azul
A primeira monografia sobre Julio/Saúl Dias Um Destino Solar, de Maria João Fernandes, é apresentada no próximo domingo, 7 de abril, a partir das 17 horas, no Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, fechando a exposição Tarde Azul, comissariada por Maria João Fernandes e Gonçalo Salvado.
O livro marca o encontro do artista, nome maior do século XX português e precursor da sua modernidade, com a crítica de arte e poeta que desde a sua juventude tem vindo a dar expressão ao seu universo. O título da primeira edição é, aliás, significativamente, Julio/Saúl Dias o Universo da Invenção.
A segunda edição, que será apresentada por Maria de Lurdes Barata, pela autora e por Gonçalo Salvado, abre com um prefácio do crítico espanhol e diretor da Fundação Cupertino de Miranda, Perfecto Quadrado. Reúne cartas de Julio a Maria João Fernandes, nas quais o artista se refere à sua crítica, como “um admirável e poético roteiro da sua obra”.
Por sua vez Perfecto Quadrado no seu prefácio realça a dupla faceta de poeta e crítica de arte da autora, na abordagem da “poesia plástica” e da “poesia verbal” de Julio/Saúl Dias, ao afirmar que “é nessa conjunção de linguagens artísticas e d(os) olhares críticos que eu coloco o ponto de encontro entre a obra de Julio/Saúl Dias e a de Maria João Fernandes (…) Foi dessa conjunção que nasceu o meu interesse por este livro que nos oferece um olhar crítico e simpático (no sentido etimológico do termo), ao contrário de algumas práticas críticas que acabam derivando em textos meta críticos cada vez mais longe do seu objeto e da sua função essencial. (…) E é através desse olhar crítico tão pessoal, que Maria João Fernandes sabe recolher e aprofundar os pontos de vista dos (poucos) críticos que já se tinham debruçado sobre a obra de Saúl Dias e tinham já reivindicado a sua importância e a sua diferença, e sabe também abrir novos caminhos para uma interpretação conjunta dos poetas, plástico e verbal, em diálogo paralelo e em sucessivo e paralelo empenho em descobrir na realidade real uma realidade poética que a venha reabilitar (como dizia Cesariny) até acabar por substitui-la definitivamente. (…) talvez por isso possamos concluir transferindo para a crítica de arte Maria João Fernandes, aquilo que Branquinho da Fonseca disse do pintor Julio, «Quanto mais o pintor é um poeta, mais o poder da sua expressão vem duma memória profunda, duma realidade perfeita na sua consciência, por onde, sem olhar o modelo, chega à verdade da vida exterior»”.
Indo ao encontro das palavras de Perfecto Quadrado, um poema de Joana Lapa, pseudónimo/heterónimo de Maria João Fernandes, dedicado a Julio, introduz poeticamente desenvolvido ensaio que aborda sucessivamente a pintura de Julio e a poesia de Saúl Dias, abordagem que reflete a vertente de crítica literária de Maria João Fernandes em relação com a sua formação e percurso universitários, na Faculdade de Letras de Lisboa e mais tarde na Universidade de Paris X, Nanterre, na Universidade Aberta e na Universidade de Évora onde lecionou uma disciplina de Crítica de Arte que pela primeira vez existiu em Portugal.
A obra apresenta ainda um diálogo selecionado entre alguns poemas de Saúl Dias e desenhos e pinturas de Julio e uma antologia organizada por Gonçalo Salvado de poemas que lhe foram dedicados por diversos reconhecidos autores, como José Gomes Ferreira, António Ramos Rosa e Sophia de Melo Breyner.
Para concluir uma extensa fotobiografia, à data inédita, dá conta dos aspetos do percurso biográfico, plástico e poético do artista.
A abrir a sessão, que incluirá um breve recital de poemas dedicados a Julio, da antologia inserida no livro, será visualizada a curta-metragem O Meu Irmão Julio, de Manuel de Oliveira, com música de Carlos Paredes e texto de José Régio.
Na ocasião serão oferecidas pelos comissários da exposição, para figurarem no espólio do Museu Tavares Proença Júnior, a antologia poética Tarde Azul, de desenhos e poemas de amor de Julio/Saúl Dias, organizada por Maria João Fernandes e Gonçalo Salvado; e a primeira monografia sobre o artista, da autoria de Maria João Fernandes, Julio/Saúl Dias Um Destino Solar.
Será ainda oferecida ao Museu Tavares Proença Júnior, pelo Centro Português de Serigrafia, e em nome dos seus responsáveis, uma serigrafia realizada a partir de uma aguarela de Julio.