Edição nº 1841 - 24 de abril de 2024

“QUERO APRENDER ATÉ MORRER”

Hoje falamos de uma mulher de armas, apesar dos seus 93 anos.
Maria Adelaide Fontainhas, Albicastrense genuína, nascida na Rua dos Ferreiros, na Zona Histórica de Castelo Branco.
Desde criança que acalentava o sonho de ser estudante em Coimbra, mas as dificuldades financeiras da época, não permitiram alcançar esse objetivo. “Senti mágoa de não ir estudar para a cidade universitária, mas nem sempre podemos seguir o nosso sonho”, diz com um brilhozinho nos olhos.
Trabalhar era pois a palavra de ordem, ou seja, a única alternativa para ajudar a família. Assim aconteceu desde os 10 anos, aprendendo a arte de costura. “Trabalhava em casa, e apesar da minha tenra idade, o objetivo era aprender cada vez mais a arte”, recorda com nostalgia.
Com o tempo, Maria Adelaide, começou a ser reconhecida pelo seu trabalho, nomeadamente na alta sociedade dos tempos que se viviam. “Muitas pessoas ricas, contactaram-me para eu lhes fazer vários trabalhos, nomeadamente vestidos de noiva, e outro tipo de vestuário. Era assim uma espécie de modista da moda”, lembra com saudade.
Foi convidada para trabalhar no antigo Hospital da Santa Casa da Misericórdia, mais tarde Amato Lusitano, “onde essencialmente saíam das minhas mãos, as batas para os médicos e outras peças de roupa”, realça com carinho.
Aprender sempre foi a sua estrada da vida, e ler e escrever era a vertente cultural que lhe corria nas veias. “Até aos dias de hoje, leio e escrevo, interesso-me por ir a eventos culturais, convivo com pessoas que continuam a ensinar-me o mais belo da vida, respirar o oxigénio da cultura, tão essencial nos dias de hoje”.
Fruto desta sua vivência, Maria Adelaide Fontainhas, orgulha-se de ter editado quatro livros: Memórias de uma Mulher, igual a tantas outras; Rua dos Ferreiros; Diário 2015 e Miscelâneas da Vida, obras que foram altamente elogiadas na comunidade.
E tal como iniciei este texto, denominando Maria Adelaide Fontainhas como mulher de armas, recordo que, a sua rica cidadania, levou-a até ser aluna fundadora da Universidade Sénior Albicastrense (USALBI), onde se mantém atualmente. “Foi uma obra extraordinária para os mais velhos, retirando as pessoas da solidão, levando os seus alunos a patamares culturais muito importantes, para além do convívio entre todos, pelo que, estou eternamente grata”, conclui com aquela humildade que faz as pessoas serem grandes no seu talento.
José Manuel Alves

24/04/2024
 

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