DESDE ESTA QUINTA-FEIRA ATÉ DOMINGO
O Salva a Terra Ecofestival está de regresso
O Salva a Terra Ecofestival, premiado como o mais ecológico dos festivais portugueses, regressa a Salvaterra do Extremo, no Concelho de Idanha-a-Nova, esta quinta-feira, 27 de junho, prolongando-se até ao próximo domingo, 30 de junho, integrado no programa Idanha-a-1000, que dinamiza uma vasta oferta cultural e turística ao longo do ano, em todo o Concelho, e que é coordenado pela Filarmónica Idanhense, em parceria com três entidades cooperantes, que são a Arte das Musas, O Corvo e a Raposa e a Associação Ibérica de Turismo do Interior (AITI).
Recorde-se que o Salva a Terra Ecofestival tem na sua génese a preservação da biodiversidade, com os lucros da venda de merchandising a reverterem a favor do Centro de Estudos de Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), em Castelo Branco. A ecologia, a sustentabilidade e o diálogo intercultural são também preocupações do festival que, para além da programação musical, oferece ainda bailes, oficinas para famílias, conversas, sessões de cinema e yoga.
A programação musical tem um foco na Lusofonia, envolvendo Portugal, Brasil e Cabo-Verde, explorando outras sonoridades instrumentais mais distantes, desde a nyckelharpa e a sanfona do folclore escandinavo, ao rubab, sitar e tabla do Médio Oriente, mais concretamente do Afeganistão, mesclando projetos consolidados com emergentes e estreias no panorama das músicas do mundo, universo musical onde habita o Salva a Terra.
Entre esta quinta-feira e domingo, 27 a 30 de junho, haverá 16 concertos, um live act e um dj set, num périplo por cinco palcos, que são o Palco Terra, o Palco Lusco-Fusco, o Palco Igreja, o Palco Pelourinho e, nesta edição, uma novidade, o Palco da Bagueira, nas escadas da Misericórdia, onde terão lugar, em exclusivo, os concertos dos grupos da Filarmónica Idanhense. O Grupo de Canto Tradicional da USIN atua com o Pólo de Salvaterra e Termas de Monfortinho na próxima sexta-feira, 28 de junho, com o Pólo de Zebreira, no próximo sábado, 29 de junho, e com as Adufeiras de Idanha, no próximo domingo, 30 de junho.
O concerto de abertura do festival está marcado para esta quinta-feira, 27 de junho, às 21 horas, na Igreja Matriz de Salvaterra do Extremo. Este é o Palco Igreja, com Castra Leuca Trio, grupo constituído por Joaquim Pires, Nicolas Ramirez Celis e António Pedro Dias, que revisita de forma única e original a música tradicional portuguesa. De seguida, o Palco Terra, no coração da aldeia, acolhe Trinka, projeto que une Dandara Modesto, cantora e compositora brasileira, João Pires, compositor e guitarrista português, e Juninho Ibituruna, percussionista brasileiro, num caminho entre Portugal, Bahia e Minas Gerais.
Na próxima sexta-feira, 28 de junho, o destaque vai para Retimbrar, banda portuguesa já conhecida do público, que representou Portugal na Expo Dubai em 2020 e tem vindo a participar em diversos festivais nacionais e internacionais. Nas suas colaborações, destacam-se nomes como os de Manel Cruz, Teresa Salgueiro, Uxía ou Papercutz. Terrae Iberae, projeto em que a cantora Joana Godinho é acompanhada pelos cordofones históricos tocados por Enrique Pastor, também pode ser ouvido neste dia, bem como a cantautora natural de São Paulo, Bárbara Rodrix, que apresenta o seu novo álbum, Ar, e Mar Duo, em estreia no festival, que une a acordeonista e cantora brasileira Damaris Referino, a guitarrista portuguesa e fadista Joana Teixeira. Fidju Kitxora Live Act, coletivo formado entre Cabo Verde em Lisboa que procura as vozes perdidas na diáspora, é quem fecha a noite no Palco Terra.
O Palco Lusco-Fusco é talvez um dos mais emblemáticos do festival, enquadrado no cenário natural raiano, com vista sobre a aldeia vizinha de Zarza la Mayor, Espanha. É aí que na próxima sexta-feira e sábado, 28 e 29 de junho, se apresenta o Taranum Ensemble, numa parceria com o Afghanistan National Institute of Music Portugal, residentes em Portugal desde dezembro de 2021, quando o regresso dos Talibã ao poder os forçou a procurar asilo, sendo um projeto único a nível mundial, que dá voz ao património musical clássico do Afeganistão. No Salva a Terra Ecofestival, o ensemble é formado por um conjunto de instrumentos tradicionais afegãos como a tabla, o rubab e o sitar, habilmente tocado por Gulalai Nooristani, a primeira mulher tocadora de sitar do Afeganistão.
No próxima sábado, 29 de junho, chegam os muito aguardados Criatura. O eclético bando de músicos, artistas e gente que se dedica a revisitar a memória popular do território que habita, são a primeira atuação no Palco Terra com os materiais dos álbuns Aurora (2015) e Bem Bonda (2021) e as suas criações mais recentes. Antes disso, no Palco Igreja, há a estreia absoluta do duo Sérgio Calisto e João Martins que com a nyckelharpa e a sanfona produzem arranjos originais e intensos de temas da tradição escandinava, assim como de temas originais inspirados nas paisagens montanhosas do Norte da Europa. Ainda nesse dia, Vasco Ramalho & Tuniko Goulart, um reconhecido marimbista e um virtuoso guitarrista brasileiro residente em Portugal, apresentam Essências de Marimba: Fados & Choros com um repertório da Lusofonia e Diáspora Portuguesa. A cantautora venezuelana Yosune é outro dos destaques da noite, apresentando o seu novo trabalho, Madre Tierra, no qual conta e canta histórias de caráter social, inspiradas na música hispano-americana, na canção de autor e na música urbana. A noite termina com a Folk e World Music trazidas pelo DJ Gaiteirinho.
O último dia do Salva a Terra Ecofestival, o próximo domingo, 30 de junho, é dedicado ao adufe, símbolo da identidade de Idanha-a-Nova, Cidade Criativa UNESCO na Música. A banda CRUA, composta por seis jovens mulheres, tem no repertório tradicional ibérico o ponto de partida para o encontro e o cantar afetivo. O adufe, elemento sacral que norteia a exploração rítmica e vocal, não está só, pois tem ao seu lado o bombo, os crivos, as pandeiretas, as conchas, o timbalão e outras percussões tradicionais acompanhadas de vozes próximas do primal, convidam a estar, a ouvir e a sentir, dizem as próprias, “como se em casa estivéssemos”. Quem está mesmo em casa são as Adufeiras de Idanha-a-Nova, que também marcam presença neste dia dedicado ao tradicional instrumento musical de percussão tão característico das paisagens sonoras da Raia.