NA SESSÃO PÚBLICA DE CÂMARA
Residências de estudantes em foco
As residências de estudantes de Castelo Branco estiveram no centro das atenções na sessão pública da Câmara de Castelo Branco realizada na passada sexta-feira, 29 de julho, com uma forte troca de argumentos entre os vereadores do SEMPRE - Movimento Independente e o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues.
A discussão do tema foi introduzida por Jorge Pio, do SEMPRE, ao falar na “captação e atração de pessoas, nomeadamente jovens”, Jorge Pio frisou que “qualquer estratégia terá que criar pilares em várias áreas”. Isto, para adiantar que, “felizmente, temos boas notícias do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), que depois de integrar a Universidade Europeia viu aprovadas duas candidaturas ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), para financiamento de Projetos de Alojamento Estudantil a Custos Acessíveis no Relatório Síntese Preliminar de Avaliação de Candidaturas”, estando em causa a construção de uma nova residência de estudantes e renovação de outra.
Estes factos foram o ponto de partida para Jorge Pio perguntar “qual é o posicionamento do senhor presidente sobre as residências de estudantes. Vários municípios tiveram candidaturas apresentadas, ao PRR. Qual é a posição de Castelo Branco”, questionando ainda qual é o ponto de situação do edifício da antiga Pensão Residencial Arraiana, localizada na Avenida 1.º de Maio, que foi adquirido pela Câmara, bem como da Residência de Estudantes Calouste Gulbenkian, localizada na Rua Príncipe Perfeito, e que é propriedade da autarquia.
Questões em relação às quais Leopoldo Rodrigues afirmou, no que respeita ao antigo edifício da Pensão Residencial Arraiana, que “a escritura com os proprietários, um deles não podia assinar. O assunto foi tratado em Tribunal e deverá ser assinada em outubro”.
Já quanto à Residência de Estudantes Calouste Gulbenkian, assegurou que estamos a trabalhar para a devolver aos estudantes” e explicou que “dois dos pisos estão ocupados com espólio documental do Ministério da Educação, mas já temos local para colocar essa documentação e dar sequência aos objetivos”.
Jorge Pio perante estas respostas, no caso concreto da Residência de Estudantes Calouste Gulbenkian, perguntou “se é enquadrável ou não no PRR”, assim como “qual o valor da intervenção”, para acusar a Câmara de “navegação à vista” e da “incapacidade de concretizar”. Para fundamentar esta posição, relembrou que “em 28 de fevereiro de 2022 disse que ia construir uma nova residência para estudantes, passados 18 meses diz que não vai e que vai fazer a requalificação da Residência de Estudantes Calouste Gulbenkian”. E acrescentou que “em outubro de 2023 percebe-se que não há nova residência”, sendo que “o problema é o espólio documental do Ministério da Educação”, para concluir com “o facto de ter passado à margem de ter candidatado esta obra ao PRR”.
Sobre a mesma matéria, Luís Correia, do SEMPRE, assegurou que “retirar a documentação do edifício não é facto suficiente para não se ter apresentado uma candidatura ao PRR, nem para não se fazer uma obra prometida”, questionando “se deixou ou não cair a promessa de fazer a residência de estudantes”.
A isto Leopoldo Rodrigues recordou que “o PRR decorre do COVID-19. As autarquias foram convidadas para sinalizar prioridades” e relembrou que “não me lembro de ter sido sinalizado, na altura que devia ter sido feito, a residência de estudantes ou outras prioridades, quando era vice-presidente da Câmara (Jorge Pio)”, sublinhando que “o passado condiciona o presente e o futuro”.
Com o PRR como pano de fundo, Leopoldo Rodrigues recordou que “na primeira fase não houve candidaturas aprovadas para Castelo Branco. Depois houve uma segunda oportunidade, devido ao overbooking, mas os dinheiros são limitados”. Por isso, continuou, “se já tínhamos uma candidatura do Politécnico, que sentido faria uma candidatura concorrente, da Câmara, quando os dinheiros são limitados”. E nesta matéria aproveitou para sublinhar que “ainda bem que esta candidatura (Politécnico) está bem classificada”.
Na resposta, Luís Correia não perdeu a oportunidade de referir que “o passado deste município foi sempre de ter muito sucesso na captação de fundos públicos, de fundos comunitários”, para parafrasear Leopoldo Rodrigues quando ao facto que “o passado condiciona o presente e o futuro” e reiterar que “Castelo Branco tinha uma imagem de ser bom captador de fundos públicos, de ser bom concretizador”.
António Tavares