Edição nº 1864 - 9 de outubro de 2024

Antonieta Garcia
CEDO DEMAIS

Há épocas em que a imprensa nos entra em casa, desafia o bom senso alvoroça. Durante 24 horas, raras são as notícias que mudam. Oferecem-nos uma visão do planeta a partir da qual conjugamos gramaticalmente, velhas tretas e arrelias, do passado, presente e futuro
Agora, conhecemos bem os comentadores; as suas versões informativas perfilam-se e, ora nas vozes de alguns faladores inveterados, ora nas frases que engordam os discursos de quem gosta de se ouvir até à exaustão, podem escolher-se estilos variados, alterados, modificados.
- Eu bem te dizia qual era o lugar das linhas vermelhas, as propostas irrecusáveis, inevitáveis, as contrapropostas...
Embrulhadas umas pela voz do jovem Governo, outras pela oposição de quem tem voz pobrezinha, divagam e vagueiam por qualquer canto afinado.
E todos se misturam numa massa de água salgada que é uma dor de alma. Se ao menos soubesse a maresia lavada...
Confunde-se tudo, meu Deus! E os moços desprendem-se de amarras e escolhem caminhos, velhas ruelas, à espera da Inteligência, do Entendimento, da Fraternidade! Anda tão oculta, em raciocínio nublado.
- Não se bate em ninguém! - insistia a minha mãe!
Era ela que tinha os livros para afiançar ou recusar princípios de afeto. Ser criança, ou ser jovem, enrolavam tantos momentos felizes...
- Não se bate em ninguém! Se agrediu, peça desculpa. Como faziam com os amigos... Isto não é uma selva!
Percebemos quando chegou a guerra. Temíamos o funcionamento de alguns povos, de países... Afinal, viramos homens fortes, que se guerreavam, se batiam, se insultavam, se desonravam, se injuriavam, matavam... Valia tudo?
- Não se bate em ninguém?
Uma bofetada, um encontrão, eram vulgares, mas quando intervinha a arte da guerra, tudo piorava.
As vítimas que morrem, em cada ataque, são um Deus nos acuda! A destruição pode e manda; ficam sem abrigo, sem conforto, dolorosamente sós. O sofrimento amarra-se às crianças e aos adultos. O que difere? O volume? O tamanho da dor? Os pequeninos não entendem a crueldade (é feio), criam pavor de um mundo que desaparece e destrói cidades...- (Esta era a minha casa, a de meus Pais.. Explica entre lágrimas) – Choram muito as crianças, choram, choram... Como podem menorizar e intervir na defesa de padecimentos e mágoas?
- Não se bate em ninguém! Magoa tanto!
Qual a medida da dor maior? Os órfãos, os Pais, esvaem-se em amarguras.
Também não vale a pena lamentar direitos que as mulheres perderam, os que nunca tiveram e ainda não têm. As mães tornaram-se figuras que buscam afetos. Que é dos filhos?
- Dorme, meu menino; inventa sonhos para te ter nos meus braços e fantasiar desejos! Quero viver contigo as saudades da casa, com as figuras das artes, das letras e da ciência.
Estes meninos, nasceram cedo demais, mas já entenderam que o caos é o sítio único dos países em guerra. Quem há de dizer ao mundo o inferno em que imergiram? Quantos dias sobram de vida a cada pessoa? Morrem aos milhares? Para quem? Porquê? Para quê?
As mulheres são Matriz primordial, e Pátria e Fratria. A coragem de mães move-as.
Prendem-nas? Condenam-nas! E elas morrem devagarinho, durante décadas, ocultas em trincheiras físicas e psíquicas. As feridas golpeiam, espezinham e assassinam.
São pequenos, muito pequeninos os heróis que sabemos para estas aventuras. Os olhos acusadores dos meninos angustiam.
Que palavras podemos pôr-lhes nas mãos para se libertarem? Que Cantares são hinos ou canções de embalar? Ou cantigas de amor?
- É proibido ...
O grito universal ecoou. Onde o encontramos? Por onde anda?

09/10/2024
 

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