Edição nº 1866 - 23 de outubro de 2024

Mares Portugueses de Noronha da Costa são tema de sessão no Museu

A Sociedade dos Amigos do Museu de Tavares Proença Júnior, de Castelo Branco, dinamiza, na próxima sexta-feira, 25 de outubro, a partir das 17 horas, no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, uma sessão conduzida pela crítica de arte e poeta Maria João Fernandes e dedicada aos Mares Portugueses de Noronha da Costa, pinturas aí em depósito, de um dos mais relevantes pintores da segunda metade do século XX.
A sessão abordará estas obras, o seu conteúdo e a sua expressão plástica no contexto do percurso de Noronha da Costa.
No final da sessão o poeta Gonçalo Salvado apresentará um recital de poesia contemporânea, com o título Por Mares Nunca Dantes Navegados, evocando Camões, de quem se celebram atualmente os 500 anos do seu nascimento.
A sessão, do ciclo das conferências As Coisas & as Palavras - Olhares sobre a reserva, de acordo com a Sociedade “tem como principal objetivo uma chamada de atenção para o valioso espólio da arte contemporânea existente no Museu, com destaque neste caso para os Mares Portugueses de Noronha da Costa, quatro pinturas monumentais, verdadeiros ícones da Cultura Portuguesa e da arte do século XX em Portugal, duas das quais foram recentemente restauradas, sendo que outras duas estão enroladas e em avançado estado de degradação”.
O primeiro grande destaque nacional para estas peças deu-se em 1983 na exposição antológica de Noronha da Costa na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian que coincidiu com a inauguração do Centro de Arte Contemporânea. Uma exposição histórica que os Mares Portugueses abriram e fecharam. Na altura, interrogado sobre a razão deste facto, o então diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, José Sommer Ribeiro, afirmou que “estes seus últimos trabalhos abarcam toda a sua obra anterior e levam-nos a considerá-lo como um dos artistas mais criativos da geração de 70.” A exposição foi então motivo de se terem pronunciado sobre a obra de Noronha da Costa, alguns dos mais prestigiados críticos e ensaístas Portugueses, entre os quais José-Augusto França, Fernando de Azevedo e Eduardo Lourenço:
Maria João Fernandes, crítica de arte e poeta, com um percurso universitário na área do mito e da antropologia do imaginário irá desenvolver com o título Mares do Espírito uma interpretação nesta linha dos Mares Portugueses de Noronha da Costa no contexto da sua pintura. “O mar na pintura de Noronha da Costa afirma-se como um ícone privilegiado do real e ao mesmo tempo como um écran que espelha a intimidade misteriosa do homem e da natureza. A sua imagem na pintura do artista não surge como um duplo mnésico da perceção, mas guarda os seus traços, vestígio não apenas de uma ausência, mas de uma presença audaciosa, entre o ser e o aparecer. O real está carregado de mistério, de um maravilhoso que é a semente prodigiosa das virtualidades do ser e do espaço, do espaço do Ser. Imagem cometa do imaginário, refletindo-se num limbo noturno ou diurno, écran de um questionamento infinito, capaz de propiciar a aparição e que portanto é muito mais do que um écran. A sua pintura abre-nos o rumo de uma pesquisa do visível como limiar do invisível. Nos seus mares revela-se todo o esplendor e a energia cosmogónica não apenas da natureza, mas do espírito que dela se alimenta, no misterioso vínculo que une o homem e o Cosmos, essência do poético, convidando ao diálogo com a Poesia.”
Diálogo com a poesia que estará presente no recital de alguns dos poemas mais significativos da poesia portuguesa contemporânea, sobre o tema, selecionados e ditos pelo poeta Gonçalo Salvado.
A Sociedade realça que “com esta iniciativa esperam os envolvidos dar o seu contributo para que se cumpra uma missão hoje obrigatória, a bem da arte e da cultura portuguesas, a bem de Castelo Branco, cidade detentora deste valioso património artístico nacional: restituir a dignidade, com o seu restauro às magníficas pinturas de Noronha da Costa: Mares Portugueses, danificadas e dar visibilidade a estas peças maiores da arte portuguesa contemporânea, identitárias da nossa cultura”.

23/10/2024
 

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