CASTELO BRANCO RECEBE ENCONTRO DA ALIANÇA TERRITORIAL EUROPEIA (ATE)
Portugueses e Espanhóis mantêm luta pela ligação por autoestrada entre os dois países
O auditório do Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB) recebeu, esta segunda-feira, 21 de outubro o II Encontro Ibérico da Aliança Territorial Europeia (ATE) – Norte de Extremadura & Beira Baixa, que tem como objetivo reivindicar a construção na nova ligação de Madrid a Lisboa pelo Norte da Extremadura e pela Beira Baixa. Ou seja, a construção do Itinerário Principal 31 (IC31) com perfil de autoestrada entre Castelo Branco e as Termas de Monfortinho, em Portugal, e a ligação da autoestrada entre Moraleja e a fronteira com Portugal, em Espanha.
Refira-se que dos 590 quilómetros que separam Lisboa e Madrid, atualmente, é possível percorrer 518 quilómetros, ou seja, 88 por cento da distância. Este percurso inclui a A5, desde Madrid até Moraleja, e a EX-A1, bem como a A23 e a A1, entre Castelo Branco e Lisboa. Em resumo, da distância total entre Lisboa e Madrid falta apenas construir 12 por cento da via, qualquer coisa como 72 quilómetros, entre Castelo Branco e Moraleja, dos quais cerca de 20 entre Moraleja e a fronteira e cerca de 50 entre Castelo Branco e a Termas de Monfortinho.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, destacou a “reivindicação para que as obras comecem o mais rapidamente possível, uma vez que já perdemos muito tempo” e recordou que “temos tido o compromisso, mas não se tem concretizado”, para reforçar que “este é um projeto para fazer. Não pode andar para trás”.
Leopoldo rodrigues destacou também que esta “e uma autoestrada que vai ajudar a desenvolver este território dos dois lados da fronteira” e sublinhou que “esta é uma das regiões mais esquecidas da Europa”, para defender que “nós não somos cidadãos de segunda. Há que ter uma Europa igual, com as mesmas oportunidades”.
Por isso defendeu que “unidos, determinados, vamos lutar no mesmo sentido e alcançar os nossos objetivos”.
O autarca lembrou também que precisamente no auditório do CCCCB, o então Primeiro Ministro, António Costa, “assumiu o compromisso do IC31” e adiantou que “o compromisso foi recentemente reafirmado, com o atual ministro das Infraestruturas”.
Perante isto frisou que “Estamos aqui, porque temos a convicção que temos direito, que estamos a lutar por uma causa justa. Estamos aqui para lutar pela concretização de um projeto”.
Posição também defendida pelo presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, que acrescenta que “a ATE é mais que lutar pelo IC31, tem que ser por lutar por este corredor ibérico como grande oportunidade de desenvolvimento para esta área”.
Armindo Jacinto realçou igualmente a importância de “em conjunto trabalhar para desenvolver um território transfronteiriço. Fazer com que este território contribua para a criação de riqueza, de empregos”, porque, assegurou, “somos um espaço de oportunidade e não de resignação”.
Também para o presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) e da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, este “é um projeto que interessa a nós territorialmente, interessa ao País, à Espanha e à Europa toda”, pelo que defende a importância de discutir o assunto na cimeira entre Portugal e Espanha que se realiza esta quarta-feira, 23 de outubro.
João Lobo acrescentou para a importância que “os compromissos se traduzam no Orçamento do Estado”, pelo que defendeu que, “na especialidade, o milhão de euros que lhes está destinado, e não chega, seja reforçado, para termos as máquinas a trabalhar no terreno, pelo menos no primeiro troço”.
Já o alcalde de Moraleja, Júlio César Herrero, não perdeu a oportunidade de manifestar que “estamos fartos, desiludidos, pelo incumprimento”, tanto mais que “este tipo de infraestruturas é o melhor contra a desertificação”.
Por seu lado, o porta-voz do Movimento Social Ciudadano/a MSU-Norte Extremdura, Francisco Martín, “apelou para continuar a luta, que trabalhemos juntos. Queremos ouvir o barulho das máquinas”, exigindo da parte de Portugal e de Espanha “um documento de compromisso de início e fim da obra”.
Na mesma linha, o presidente da Diputación de Cáceres, Miguel Ángel Morales, recordou os poucos quilómetros que faltam para concluir a ligação e assegurou que “esta não é uma questão política, é uma questão social, para desenvolver os territórios. Continuemos reivindicando”.
Refira-se que a ATE já tem definido o calendário de iniciativas para o próximo ano. Entre estas há a destacar que está marcada para dia 4 de fevereiro de 2025 a quarta reunião ibérica, em Peniche, e a quinta, para dia 20 de maio, em San Gil. O III Encontro Ibérico está marcado para dia 24 de setembro, nas Termas de Monfortinho.
António Tavares