Edição nº 1867 - 30 de outubro de 2024

II FÓRUM IBEROAMERICANO DE CIDADES CRIATIVAS
“Estamos aqui a valorizar o nosso património cultural, a nossa identidade”

O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB) está a ser palco, desde a passada segunda-feira, 28 de outubro, do II Fórum Iberoamericano de Cidades Criativas, que se prolonga até esta quinta-feira, 31 de outubro, contando com especialistas da área que estão a partilhar experiências e boas práticas. Um encontro em que também participam representantes de várias Cidades Criativas de Portugal, do Brasil, do Equador e do Chile, aos quais se juntam mais de 30 oradores ao longo dos quatro dias.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, destacou “o trabalho de continuidade de afirmação do nosso artesanato, com destaque para o Bordado de Castelo Branco”, para avançar que “estes são quatro dias de debate, de reflexão, de partilha de conhecimento, de partilha de bem-fazer”, pelo que não hesitou em realçar que “nestes quatro dias se vai gerar valor”.
Leopoldo Rodrigues realçou ainda “algo importante para nós, que é a valorização do nosso património”.
Afinando pelo mesmo diapasão, o coordenador Castelo Branco Cidade Criativa e vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, Hélder Henriques, afirmou que “estamos aqui a valorizar o nosso património cultural, a nossa identidade, mas, principalmente, a dialogar e a partilhar com o Mundo como fomos construindo e que caminhos pretendemos percorrer, assumindo como condição primeira o progresso e a justiça social deste nosso território e das nossas gentes em cooperação e diálogo com todos aqueles que estiverem disponíveis para tal”.
Hélder Henriques sublinhou que “Castelo Branco é uma cidade de entrelaços, do linho e da seda, do mundo urbano com a ruralidade, do conhecimento académico com o saber-fazer. Castelo Branco é hoje uma cidade do Mundo. E não é uma cidade do Mundo apenas porque nós entendemos que merece esse destaque. Porque isso já sabíamos através de Albicastrenses tão ilustres como o médico João Rodrigues de Castelo Branco, o nosso Amato Lusitano, o pedagogo António Sena Faria de Vasconcelos ou, entre tantos outros nomes que poderia citar, o nosso poeta mais contemporâneo, António Salvado, que souberam projetar Castelo Branco, através dos seus saberes, nos mais diferentes quadrantes geográficos. Naturalmente que nós somos aquilo que fomos construindo no passado, mas hoje Castelo Branco orgulha-se, tenho a certeza, da legitimidade que lhe foi conferida pela UNESCO resultado de um processo de candidatura difícil, mas conseguido com sucesso para Castelo Branco”.
Tudo, para destacar que “é a integração de Castelo Branco na Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO que permitiu que hoje esta nossa cidade possa sonhar, diria ousar sonhar, com um progresso que não se faz apenas com cimento ou argamassa, mas com progresso humanizado, com as pessoas e pelas pessoas, através da cultura e das artes, valorizando o que fomos, o que somos e aquilo que desejamos ser”.
Mais à frente Hélder Henriques afirmou que “também localmente Castelo Branco está comprometida com o desenvolvimento de estratégias culturais e criativas que promovam o desenvolvimento do território. E, por isso mesmo, recentemente, em Braga o Município subscreveu o Manifesto de Braga, onde se defende a integração da cultura como um objetivo autónomo na Agenda para o Desenvolvimento das Nações Unidas nos pós 2030 e a apoiar a implementação de prioridades da Declaração Mondialcult 2022, promovendo a cooperação internacional, o intercâmbio de conhecimentos e projetos culturais entre cidades de todo o Mundo”.
Na sua intervenção recordou também o trabalho feito em Castelo Branco como Cidade Criativa, ao relembrar que, “ao longo desde ano, desde novembro de 2023, fomos continuando a construir redes de trabalho. Promovemos Castelo Branco em vários fóruns nacionais e internacionais, com destaque para a participação no Fórum Mundial de Cidades Criativas que aconteceu este ano em Braga e na Escola de inverno da Universidade de Coimbra, realizada em Caldas da Rainha. Estabelecemos parcerias na área da formação académica, com o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), com o objetivo de valorizar os nossos criativos através de uma pós-graduação em Indústrias Criativas e Inovação e também de uma microcredenciação em Restauro Têxtil, com o propósito da salvaguarda do bem cultural que é o Bordado de Castelo Branco, faltando apenas, neste momento, a assinatura do protocolo, aprovado por unanimidade, em reunião do órgão executivo”.
A isto junta que “sensibilizamos, em conjunto com as cidades criativas do Centro de Portugal e com a Entidade Regional de Turismo do Centro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) para a importância de criar a Rede de Cidades Criativas Centro de Portugal, através da apresentação de uma candidatura ao Programa Operacional Centro 2030 e, pela primeira vez, haverá financiamento dedicado a quem integra esta Rede, tal é a sua importância”.
Mas não só, uma vez que “com o objetivo de valorizar o nosso património imaterial iniciamos os processos com vista à valorização do Bodo de S. Sebastião – Festas dos Coscoréis, na Lardosa, e, também, da Viola Beiroa”, além de que “mantivemos uma excelente relação de proximidade com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) e, é neste contexto, que entendemos reconhecer a importância desta associação no processo de candidatura de Castelo Branco à UNESCO propondo a recente apresentação do livro Cidades Criativas e Desenvolvimento Sustentável, no Museu da Seda”.
Hélder Henriques fez também questão de deixar claro que “o trabalho da equipa Castelo Branco, Cidade Criativa tem sido realizado e reconhecido. A este propósito, ainda recentemente, no âmbito do conteúdo promocional, e particularmente no vídeo promocional dedicado à apresentação do Bordado de Castelo Branco, recebemos mais duas distinções, no âmbito do Festival Filmart & Tourism, realizado em Porto Seguro, no Brasil, que contou com a participação de 97 filmes, de 20 países, e onde o filme promocional do Bordado de Castelo Branco, realizado no âmbito da candidatura à UNESCO, voltou a ser premiado com o segundo lugar na categoria Human Life e obteve os terceiros lugares nas categorias Places and History, Short Documentary e Short. No mesmo sentido, na Turquia, no nono International Tourism Film Festival foi um dos três filmes vencedores”.
Para Hélder Henriques, do que não resta a menor dúvida, é que “o futuro da nossa cidade e de todo este território, a meu ver, tem de passar pelo reforço da cultura, da arte, da preservação, salvaguarda e valorização do património e do fomento da criatividade”, pelo que, “é preciso continuar a investir nas indústrias culturais e criativas”.
Defendeu igualmente que “Castelo Branco tem hoje um conjunto de recursos e equipamentos culturais de elevada qualidade, mas precisamos de mais, precisamos de espírito crítico e sentido de oportunidade no que respeita à importância das artes, da cultura e do nosso património”.
Perante isto avançou que a questão que fica é “depois do processo de certificação do Bordado de Castelo Branco, do investimento que tem sido realizado pela autarquia no âmbito da programação cultural, do papel das instituições se Ensino Superior, particularmente do IPCB e da sua Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) de Castelo Branco ou de instituições como a Associação de Desenvolvimento da Raia Centro Sul (ADRACES) que estudaram e estudam as artes e ofícios, entre outras, depois da existência de equipamentos como o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco o Museu da Seda ou a Fábrica da Criatividade, depois da integração de Castelo Branco na rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO, depois de quase finalizada a inscrição do Bordado de Castelo Branco no Inventário Nacional no Património Imaterial, o que falta fazer”.
Matéria em relação à qual defendeu que “falta continuar a afirmar Castelo Branco, a projetar o nosso saber-fazer no Mundo e criar condições que permitam o desenvolvimento das indústrias criativas e culturais. É este caminho que permitirá que Castelo Branco se diferencie, crie riqueza, encha de orgulho a comunidade e, aproveitando todo o trabalho que foi construído ao longo de décadas, incluindo agora a condição de Cidade Criativa da UNESCO. Precisamos de continuar a acreditar, trabalhar cada vez mais em rede, afirmar o território como um todo, entender a diversidade do território como força e não fraqueza, precisamos de acreditar na cooperação local, regional, nacional e internacional”.
António Tavares

30/10/2024
 

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