Edição nº 1877 - 8 de janeiro de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A FRUSTRAR TANTOS VOTOS DE PAZ E CONCÓRDIA que se ouviram por estes dias que se querem de esperança, o 2025 não começou da melhor maneira. Parafraseando o título de um conhecido filme estreado em 2024, houve muito de mau em todo o lado ao mesmo tempo. Ódio que gera violência e morte nos Estados Unidos, em Nova Orleães com a morte de 15 pessoas e dezenas de feridos, numa feira de natal de rua, por um condutor de carrinha adepto do estado islâmico terrorista do Daesh. Logo Trump veio célere às redes sociais, a culpar pelo sucedido os imigrantes e a política de fronteiras abertas do anterior governo democrata. Desmentido pela realidade, o condutor assassino era um cidadão americano, nascido no Texas e veterano do exército, combatente do Afeganistão. Quase em simultâneo, um condutor faz-se explodir dentro do carro, à porta de um hotel em Las Vegas. A curiosidade, de ser um Tesla, a marca de carros elétricos de Elon Musk, a explodir à porta do Hotel Trump e do condutor, de quem não se conhecem ainda as motivações, ser outro militar veterano americano. Mais perto, em Montenegro, nos Balcãs, um homem apenas movido pelo ódio entra num restaurante e mata doze pessoas, incluindo crianças. Por cá, temos o crime à porta de um Centro Comercial em Viseu, guerra de famílias e um morto e feridos. Infelizmente é algo que acontece aqui como em qualquer parte do mundo mas motivo para os do costume pedirem operações especiais da polícia como as da rua do Benformoso alargadas a todo o país, visando os imigrantes e os ciganos. Basta frequentar as redes sociais para se ver como este discurso de ódio e exclusão se multiplica de forma exponencial.
Mas a entrada do ano mostrou também uma violência, para não dizer terrorismo, de estado inominável, sem pingo de humanismo. A Rússia aproveitou a noite da passagem de ano para um ataque sem freio a Kiev e outras cidades ucranianas; O governo de Israel a destruir o último hospital de Gaza e a bombardear acampamentos, tendas que albergam refugiados. Já nem vale a pena, por redundante, falar dos mortos, em especial mulheres e crianças. Que esta primeira semana de 2025 seja apenas um epifenómeno e que estejamos próximos de terminar estas guerras que nunca são eternas (como a paz que se viveu na Europa do pós-guerra), antes que comecem outras.
Falava-se atrás do ódio ao imigrante, a “escumalha” como se lê nas redes sociais, cada vez mais espaço mal frequentado. A propósito, o semanário Expresso desta semana publica um interessante trabalho jornalístico que mostra que os 982 mil imigrantes contribuíram em 2024 com 2 mil e 600 milhões para a Segurança Social, quase o dobro do valor do ano anterior. E a curiosidade de serem os nepaleses o terceiro maior grupo de imigrantes, que segundo os empresários, pela boca do presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, são essenciais para o setor do turismo: “Os nepaleses são uma boa surpresa. São pessoas muito comprometidas com o serviço, e fazem com mestria um conjunto de trabalhos importantíssimos para o setor, que os portugueses não querem fazer”. Já para não falar do importante contributo dos imigrantes para o rejuvenescimento de uma população envelhecida. Mas isso dá asas a teorias da substituição, que as estatísticas mostram ser completamente infundadas, mas que alguns políticos irresponsáveis e mentirosos continuam a insistir em propagandear.

08/01/2025
 

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