Edição nº 1887 - 19 de março de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

TANTA COISA ao mesmo tempo em tanto lugar! Infelizmente, coisa que não é boa, ainda que pareça haver avanços em situações de impasse que significam milhares, muitos milhares de morte e dor. Pelo menos, a coisa mexe, pensarão os mais otimistas. Mas o pior é que mexe em desfavor do mais fraco. Estando nós no olho do furacão, só o distanciamento vai permitir a análise desapaixonada e a narrativa destes tempos distópicos, pelos historiadores e outros cientistas sociais.
Por estes tempos, os EUA já não são o farol da democracia liberal e das liberdades, mercê das políticas disruptivas de Trump, que tem um conceito muito particular do diálogo e que defende uma diplomacia muito autocrata, baseada na lei do mais forte. Uma diplomacia que é música para os ouvidos de Putin. Os líderes europeus têm muitas dúvidas do sucesso das conversações sobre o cessar-fogo, porque a única proposta aceite pelo líder russo é a de completa capitulação da Ucrânia e não teme as ameaças em forma de basófias de Trump.
A mesma estratégia é seguida na resolução do conflito na faixa de Gaza. A lei da força serve para ameaçar destruir o que ainda resta do território, com luz verde dada ao governo ultra radical de Israel para fazerem o trabalho sujo, que foi retomado hoje mesmo num ataque israelita que deixou um rasto de 350 mortos, milhares de feridos e muita destruição. Depois Trump entra em ação, que nos seus sonhos de negociante imobiliário, compra o território, retira o entulho, com os palestinianos incluídos, e constrói ali uma bela estância de veraneio para ricos.
Entretanto, a política interna vai-se fazendo no mesmo registo. Enfrenta países supostamente amigos e aliados com provocações expansionistas, taxas e contrataxas. E, seguindo a cartilha da ultra direita, a deportar não só imigrantes como aquelas palavras perigosas que lembram direitos e igualdades duramente conquistados há muitas décadas. Diversidade, igualdade, discriminação, discurso do ódio, multicultural, desfavorecido, património cultural, ciências climáticas, mulheres, feminista, feminismo, são algumas entre muitas que o New York Times elencou numa lista de quase 200 palavras excluídas das comunicações oficiais e documentos, mesmo os de caráter científico. Seria cómico de tão ridículo, se não fosse trágico. Porque é o retrato de uma realidade que julgávamos há muito morta e enterrada.
Mas há formas de resistir que vão doer aos que se julgam donos do mundo. Os automóveis elétricos Tesla do Elon Musk estão em queda vertiginosa de vendas (mais de 50 por cento na Europa, 76 por cento na Alemanha onde apoiou o partido neo nazi nas recentes eleições) e nos EUA são vandalizados e muitos donos sentem-se obrigados e explicitar que foi comprado antes de Musk ter endoidecido. Musk, que desde janeiro já viu desvalorizar vertiginosamente as ações das suas empresas, com a sua fortuna a diminuir os astronómicos 130 mil milhões de dólares. De tal forma que Trump se sentiu na obrigação de dar uma mãozinha ao seu amigo e se converteu em vendedor de automóveis a propagandear o Tesla e a anunciar que vai decretar como terrorismo, o vandalismo sobre os carros da marca do amigo. É o dinheiro a ideologia deles e é aí que lhes vai fazer doer a reação de quem é capaz, por várias formas, de dizer NÃO.
Tanta coisa ao mesmo tempo em tanto lugar! Também em Portugal, mas hoje já esgotei o espaço (e a paciência). A esta tanta coisa voltarei, se sobreviver ao tsunami de comentadores televisivos. Cuidem-se.

19/03/2025
 

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