Gonçalo Salvado homenageia A Invenção do Amor de Daniel Filipe
O Gonçalo Salvado, no âmbito da celebração do centenário do nascimento do poeta Cabo-Verdiano Daniel Filipe (1925-1964), vai gravar um vídeo com a sua leitura de um excerto de A Invenção do Amor, o mais emblemático poema do autor de origem africana que viveu desde a infância até à sua morte em Portugal.
Originalmente publicado em 1961, em Lisboa, pela editora Sagitário com uma nota de abertura do escritor Urbano Tavares Rodrigues A Invenção do Amor faz atualmente parte do catálogo da Editorial Presença tendo inaugurado, em 1969, a conhecida coleção de poesia Forma.
O tema maior do poema, e citando Urbano Tavares Rodrigues “é o do amor perseguido, em que se consubstancia, em que transmigra, toda a esperança malferida, e o da sociedade mesquinha que se lhe fecha e desterra, que repulsa esse interdito amor”.
Gonçalo Salvado afirma que se trata de uma “obra-prima do lirismo, uma das mais extraordinárias e mais belas e mais poderosas criações da poesia escrita em língua portuguesa no nosso tempo”.
Para Gonçalo Salvado “a Invenção do Amor, em termos pessoais, marcou profundamente o alvor da minha própria poesia. Um dos meus primeiros poemas, intitulado Somos adolescentes: o nosso amor é branco, escrito após o impacto que exerceu no meu espírito a leitura de A Invenção do Amor foi publicado, em 1983, aos 16 anos, no DN Jovem com o título Somos adolescentes: o nosso amor é livre e ganhou o primeiro prémio desse histórico suplemento literário juvenil do jornal Diário de Notícias que marcou toda uma geração.”
Gonçalo Salvado acrescenta ainda que “há muitos anos almejava homenagear Daniel Filipe e tornar pública a minha admiração pelo seu magnífico poema, a meu ver, um dos grandes poemas de amor do século XX que dignifica a poesia amorosa universal como poucos e que «ficaria bem em qualquer literatura», retomando uma expressão feliz do poeta Jorge de Sena”.
Por outro lado recorda que “em 2024, em Lisboa, no contexto da celebração dos 50 anos da Revolução de abril de 74, sabendo que o autor de A Invenção do Amor foi um veemente opositor do anterior regime fascista, perseguido e torturado pela PIDE, verdadeiro símbolo e voz da luta pela Liberdade, propus à atual responsável da Livraria Parlamentar, situada na Assembleia da República, uma sessão de homenagem a Daniel Filipe e ao seu poema, não chegando esta a concretizar-se por questões de agendamento. A gravação deste vídeo surge, assim, para colmatar essa impossibilidade”.
O vídeo com a leitura de Gonçalo Salvado de um excerto do poema A Invenção do Amor, de Daniel Filipe, estreia no próximo sábado, 17 de Maio, e é transmitido no Facebook, na página de partilha de poesia Quem Lê Sophia de Mello Breyner coordenada por Lília Tavares e Carlos Campos.