Edição nº 1897 - 28 de maio de 2025

MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL
José Manuel Castanheira distinguido

José Manuel Castanheira, arquiteto e cenógrafo Albicastrense, foi uma das 10 personalidades que foram distinguidas na passada quarta-feira, 21 de maio, com medalhas de Mérito Cultural pelo Governo Português, em cerimónia que decorreu na Biblioteca Nacional.
O fotógrafo Alfredo Cunha, por mais de 50 anos de carreira que são “um testemunho visual da história contemporânea portuguesa”; o colecionador e investigador António Carmelo Aires;   Emília Nadal, de ascendência Catalã, que participou em estudos sobre educação e arte; o artista plástico José de Guimarães; Manuela Júdice, dirigente da Casa Fernando Pessoa; Querubim Rocha, ceramista e mestre oleiro; a atriz e encenadora São José Lapa. A título póstumo foram agraciados o crítico e homem de cultura Augusto M. Seabra (1955-2024)  e o dirigente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, Pedro Sobral (1973-2024).
A Medalha de Mérito Cultural foi atribuída pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, a José Manuel Castanheira em reconhecimento do seu contributo para a criação teatral, consubstanciado num contínuo trabalho multifacetado e notável na cenografia, na arquitetura teatral, na pintura e no design, com uma assinalável dimensão poética e conceptual e, também, numa atividade relevante de investigação e formação.
Tendo nascido em Castelo Branco, com raízes familiares também em Alpedrinha, viveu em Escalos de Cima parte da sua infância, até à idade do Liceu.
Cenógrafo, arquiteto, doutorado pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, onde foi professor desde 1982 e até se aposentar, tendo comemorado 50 anos de carreira em 2023.
Consagrado internacionalmente, sobretudo após o Centro Pompidou, em Paris, lhe dedicar, em 1993, uma exposição retrospetiva, realizou mais de 350 cenografias, em Portugal e no estrangeiro, colaborando com mais de uma centena de encenadores, realizadores e coreógrafos. A extensão da atividade criativa ininterrupta de José Manuel Castanheira, considerada na sua abrangência temporal e na diversidade de contextos de criação em que ocorreu, coloca-nos perante um percurso extraordinário e absolutamente singular, através do qual se pode revisitar parte significativa da criação teatral portuguesa das últimas cinco décadas. Salienta-se a parceria que manteve com Rogério de Carvalho (50 anos/54 espetáculos), mas também, entre muitos outros, com Carlos Avilez, Carlos Fernando, João Mota ou Joaquim Benite. No plano internacional, cruza-se com grandes mestres do teatro europeu. 
No cinema, fez a cenografia para o filme Vai e Vem, de João César Monteiro. Destacam-se, na arquitetura teatral, o projeto de reabilitação do Teatro Gregório Mascarenhas (Silves) e o trabalho de consultor para a construção do Auditório da Culturgest/CGD (Lisboa).
Elaborou mais de 100 cartazes para teatro, cinema e festivais (Festival de Almagro - 2021, Bienal de Veneza - 2007, Festival de Almada - 1997).
É autor de vários livros que interligam a assinalável dimensão poética e conceptual que caracteriza a sua obra, com o permanente interesse pela investigação e pela transmissão de conhecimentos, processo onde cabe a teorização sobre o seu teatro imaginário, a evolução da arquitetura teatral, o Teatro e a Cidade, ou sobre o espectador esquecido.
Em 2017, integra os júris de doutoramento em Estudos Teatrais da Sorbonne Nouvelle e, em 2019, é convidado para o Open Summer Workshop dos RCR/Barcelona (prémio Pritzker de Arquitetura).
É membro da Real Academia de Belas-Artes e da Academia de Artes Cénicas de Espanha, e foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Cenografia. Considerado o cenógrafo com maior projeção internacional de sempre, a sua atividade abrange instituições de 20 países.
Foi o reconhecimento destes 50 anos de atividade notável e singular, que justificou a distinção com que José Manuel Castanheira foi agraciado.
Que lembrou nas breves palavras de agradecimento, o avô que tinha um candeeiro mágico que dava rebuçados, uma memória de infância que o marcaria para sempre e que reencontrou ao longo da vida na sorte de conhecer, trabalhar e aprender com muitos mestres de quem recebeu os rebuçados, que alimentaram também o fervor e o estado de paixão permanente que permitem a condição de artista sempre pronto para a criação, e onde a sua companheira, Maria Emília Castanheira, atriz, tem um papel fundamental.
Lembramos que é já no próximo dia 29 de maio, quinta-feira, pelas 18h30, que se inaugura no Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB) a grande exposição de carreira, Castanheira, Retrospetiva 1973-2025.

28/05/2025
 

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