João Belém
ÉTICA E PODER
“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.
Marthin Luther King
A relação entre ética e poder sempre foi marcada por tensões. Desde os tempos antigos, pensadores como Platão, Maquiavel e Kant refletiram sobre o modo como o poder deve ser exercido e os limites morais que deveriam orientá-lo.
Em essência, o poder é a capacidade de influenciar ou determinar o comportamento de outros, enquanto a ética refere-se ao conjunto de princípios que orientam o que é considerado justo, correto e bom. Quando o poder é exercido sem ética, corre-se o risco da tirania; quando é guiado por princípios éticos, pode tornar-se numa força transformadora para o bem comum.
Na política, por exemplo, o uso ético do poder exige transparência, justiça e responsabilidade. Um governante ético não busca apenas manter-se no poder, mas também promover o bem-estar coletivo. No entanto, a história mostra que o poder frequentemente corrompe, como alertou Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” Essa máxima revela o desafio de manter a integridade moral diante das tentações e pressões que o poder impõe.
No mundo corporativo, a ética também se revela fundamental. Líderes empresariais que usam seu poder para enriquecer às custas de trabalhadores, consumidores ou do meio ambiente comprometem a legitimidade das suas organizações. A governança ética não apenas evita escândalos, mas também fortalece a confiança e a reputação institucional.
Por outro lado, é preciso reconhecer que a ética não é uma força neutra ou estática: ela evolui com as sociedades e pode ser instrumentalizada para justificar interesses. Por isso, é fundamental uma ética crítica, aberta ao diálogo e comprometida com a dignidade humana.
Conclui-se, portanto, que a ética deve ser o limite e o guia do poder. Sem ela, o poder torna-se destrutivo; com ela, pode ser libertador. O verdadeiro desafio está em construir instituições e formar líderes que resistam à corrupção e escolham, conscientemente, submeter o poder aos princípios éticos.