Edição nº 1899 - 11 de junho de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ABRIU NA QUINTA-FEIRA PASSADA a Feira do Livro de Lisboa. Mais que feira, é a festa do livro. São os quiosques de comida e bebidas, de petiscos, os gelados e as inevitáveis farturas (a que não resisto). E, a toda a hora, momentos para apresentações de novos livros, conversas com os autores, reflexões literárias, música e poesia. Tudo isto num espaço único, o Parque Eduardo VII, verde onde apetece sentar e refrescar e com vista sobre o Tejo.
Não recordo de alguma vez ter levado lista de compras. Gosto de ir à feira/festa do livro com o prazer da descoberta, folhear e admirar a capa e ter aquele feeling que tantas vezes falha e nos deixa com o livro abandonado ao fim do primeiro capítulo. Tenho por hábito gastar mais tempo nas pequenas editoras e nos stands de fundo de catálogo, onde sempre há alta probabilidade de encontrar alguma pérola literária... Agora vou sem objetivo de compra, mesmo sabendo que nunca vou resistir ao piscar de olho de um livro, porque cada vez mais tenho a consciência do tempo que me resta. Sei que não vou conseguir ler todos os livros que fui juntando ao longo de uma vida e que continuam, empilhados, à espera de serem lidos. A juntar àqueles com que um amigo Albicastrense, poeta e crítico literário, regularmente me presenteia. Por isso, irei mais uma vez à Feira, pelo prazer de passear entre livros, um prazer que começa logo pela viagem de comboio numa das linhas mais bonitas de Portugal.
Na Feira do Livro não se vive, pelo menos nunca dei conta, a imaterialidade do livro no formato digital, que muitos leitores por boas e variadas razões preferem. O livro, como produto tangível, distinto pelo tamanho, capa, cheiro e pela vida que tem lá dentro, tem tudo o que é necessário para a ligação empática com o leitor, muitas vezes uma ligação para a vida inteira.
Revejo-me muito no que escreveu Manuel António Pina: “Às vezes pergunto-me quem raio seria eu se, em vez dos livros que li, tivesse antes lido os que não li. Provavelmente cruzar-me-ia comigo na rua e não me reconheceria”. É isto, o livro também contribui para a construção do nosso caráter e para a nossa forma de estar e participar no Mundo. E não só. Um estudo realizado pelo neuro cientista David Lewis mostrou que apenas seis minutos de leitura por dia podem reduzir os níveis de stress em 60 por cento, diminuindo o ritmo cardíaco, aliviando a tensão muscular e alterando o estado de espírito. E que a leitura previne o Alzheimer: o que importa é ler, ler amiúde, ler quotidianamente.

11/06/2025
 

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