No Centro Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova, está patente, até dia 31 de agosto, a exposição 35 anos de Postais, Uma Vida de Intervenção, dedicada à vida e ao trabalho do botânico Jorge Paiva. A mostra é organizada pelo Núcleo de Estudantes de Biologia da Associação Académica de Coimbra (NEB/AAC) e pelo Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (DCV).
A exposição reúne os 35 postais de Natal que, ao longo de mais de três décadas, Jorge Paiva enviou a centenas de destinatários, entre amigos, antigos estudantes, instituições, escolas e associações, com o objetivo de promover a consciencialização ambiental. Estes postais, ilustrados com fotografias captadas pelo próprio em Portugal, Angola ou noutros pontos do Mundo, tratam temas relacionados com a ecologia, a botânica, a biodiversidade e os principais desafios ambientais globais.
Segundo Ana Margarida Dias da Silva, do DCV da Universidade de Coimbra e uma das responsáveis pela execução da mostra, Jorge Paiva começou este projeto com o intuito de criar uma reflexão anual sobre o estado do Planeta, fugindo ao tradicional formato dos postais natalícios. Cada imagem, captada pelo próprio, era acompanhada por um texto que abordava acontecimentos marcantes do ano, como incêndios florestais, desflorestação, alterações climáticas ou perda de biodiversidade.
Os postais foram, durante 35 anos, enviados com investimento do próprio bolso e distribuídos a um público diversificado, demonstrando um esforço contínuo de intervenção cívica e ambiental.
Ana Margarida Dias da Silva refere que “em cada um destes 35 anos, vamos percebendo como o Mundo foi mudando e como o interesse e a preocupação ambiental se mantiveram constantes para o Doutor Paiva”.
A mostra segue uma ordem cronológica e reflete também a desilusão sentida por Jorge Paiva nos últimos anos, face à falta de mudança efetiva na forma como o Planeta tem sido tratado. Em 2024, decidiu que aquele seria o último postal. Depois de vários anos a dirigir-se aos jovens, lamenta que, mais tarde, muitos acabem por esquecer as mensagens de alerta devido ao ritmo consumista em que a sociedade está imersa. Para este ano, não está previsto novo postal, marcando simbolicamente o fim de um ciclo de ativismo por esta via.
Recorde-se que, anteriormente, já havia sido publicado um livro com os primeiros 30 postais. A organização pretende agora lançar uma nova edição atualizada, incluindo os 35 anos de mensagens, desta vez com comentários de amigos e colegas próximos do botânico.

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