Edição nº 1913 - 24 de setembro de 2025

LUÍS CORREIA DESPEDE-SE COM CRÍTICAS AO EXECUTIVO CAMARÁRIO
“Termina aqui a minha participação na política Albicastrense enquanto autarca”

A última sessão pública da Câmara de Castelo Branco, antes das eleições Autárquicas de 12 de outubro, realizada na passada sexta-feira, 19 de outubro, ficou marcada pela intervenção do vereador Luís Correia, do SEMPRE – Movimento Independente, realizada porque “escolhi não ser candidato a nenhum lugar nas próximas Autárquicas”, pelo que “termina aqui a minha participação na política Albicastrense enquanto autarca. Trabalho que exerci com total dedicação e entrega. Foram 28 anos de trabalho intenso, de luta incansável por Castelo Branco. Hoje seria o momento de fazer o balanço destes 28 anos de vida autárquica, mas também o momento de, enquanto eleito, fazer o balanço do atual mandato”.
Luís Correia, que deixa para mais tarde o balanço dos 28 anos, focou-se no balanço deste mandato, com críticas ao executivo camarário, recordando que “iniciei este mandato com a firme convicção de que seria o meu último mandato autárquico, e que o assumiria até ao fim”, pois “nunca poderia desconsiderar os Albicastrenses não assumindo o lugar de vereador. Decidi também exercer o mandato na sua totalidade, porque não poderia abandonar todos os que estiveram comigo na criação do SEMPRE”. Assim, “iniciei este mandato convicto de que, enquanto vereador, poderia contribuir positivamente para o desenvolvimento de Castelo Branco, com propostas, com ajudas, dada a experiência que tinha destes muitos anos de autarca. Julgava eu que poderia ser, inclusive, já uma espécie de senador, intervindo pontualmente aqui ou ali, respeitando sempre os resultados eleitorais, e por isso, respeitando os vencedores das eleições, como responsáveis maiores pelo desenvolvimento do Concelho”.
Mas realçou que “rapidamente me desenganei, pois comecei imediatamente a perceber que as tais linhas vermelhas anunciadas em campanha eleitoral, tinham vindo para ficar, e de que maneira. Na verdade, depressa concluímos que não interessava o bem comum. O senhor presidente, não queria aproveitar as sugestões dos vereadores do SEMPRE, nem queria saber se eram positivas ou não, não nos queria ouvir, e verificava-se até, estar mesmo contra os mesmos”.
Nets matéria deu como exemplo “a atribuição dos primeiros apoios às associações, no início do mandato, em que avisámos para erros que estavam a ser cometidos, em reuniões privadas, pois o primeiro interesse não era qualquer vantagem partidária, mas sim o interesse comum, e em que para além de não sermos ouvidos, ainda obtínhamos reações de confronto por parte do senhor presidente”, para adiantar que “o resultado foi prejudicial, sobretudo para as associações que muito tarde começaram a receber os apoios, porque o que interessava era fazer um novo regulamento apenas com o objetivo de mostrar que o anterior estaria mal feito, a tal desculpa com o passado. E depois, acabaram por fazer um regulamento quase idêntico, com os mesmos princípios do anterior, mas que não tinha explícitos os tais critérios de atribuição anunciados pelo senhor presidente”.
Luís Correia sublinhou que “a tática partidária, a tática de afirmação pessoal, diga-se da pior maneira que um presidente de Câmara pode fazer, imperaram ao longo dos quatro anos de mandato, pondo em causa o desenvolvimento e construção de uma estratégia que pudesse trazer progresso para Castelo Branco”, para mais à frente destacar que, “infelizmente, ao longo do mandato não conseguimos ter um presidente agregador. Mas sim um presidente que só quis conversar com apenas um vereador da oposição, o do PSD. Uma estratégia de sobrevivência nunca antes vista nesta Câmara”.
As promessas também não ficaram fora do balanço, ao afirmar que “as propostas vencedoras, do PS, nas últimas eleições, não passavam de um conjunto de propostas avulsas e irrealistas, que não consubstanciavam uma estratégia. Eram, portanto, não concretizáveis”.
Nesta vertente apontou para “a tal grande apresentação de medidas para a Zona Histórica” que, considera, “percebeu-se rapidamente ser um flop, mostrando assim não haver estratégia nenhuma”.
Assim, continua, “findo o mandato, o que temos é a grande maioria das promessas do PS feitas em campanha eleitoral de 2021, não terem sido cumpridas. E ao fazer uma análise pormenorizada das promessas, diria mesmo que 99 por cento delas não foram cumpridas” e acrescenta que “para além disto, percorrendo as promessas nas freguesias e comparando com o quase nada executado, verificamos que neste mandato o objetivo da coesão territorial foi completamente abandonado”.
Luís Correia crítica também “um presidente que não tratou todos por igual, que permanentemente atuava com base nas redes sociais”, sendo que “o facto de não agir como presidente de todos os Albicastrenses, foi verificado ao longo de todo o mandato, com descriminações de populações, por terem elegido para as suas juntas de freguesia outra força que não o PS”.
Debaixo de fogo estiveram igualmente “as grandes bandeiras do senhor presidente e do PS”, ao denunciar “uma grande perda para Castelo Branco, a da Direção Regional de Agricultura do Centro (DRAPC), para a qual não houve a atenção necessária, nem muito menos a luta devida para a defesa de Castelo Branco”: Neste caso, frisou que “como num passo de mágica, içou-se uma bandeira em Castelo Branco, com o anúncio de uma vice-presidência da CCDRC, para tentar justificar e compensar a perda da DRAPC”, para concluir que se tem “uma mão cheia de nada. A bandeira caiu por terra, representando mais uma derrota”.
Já em relação à instalação do Tribunal Central Administrativo, que “sem dúvida era um ganho para Castelo Branco, que por acaso, trazia mais uma promessa junta, a instalação de um Julgado de Paz”, sublinha que “não passaram de meros anúncios”.
No foco das atenções esteve também o Hospital Privado das Beiras, uma “importante infraestrutura que se anunciou ter sido captada para Castelo Branco e que ocupou capas de jornais, páginas inteiras com grandes parangonas, referindo-se que iniciaria a sua construção no início de 2025. Hoje já todos passámos no local, e nada. O terreno está como sempre esteve, à espera de ser devolvido à Câmara. Na verdade, mais um flop a que Castelo Branco assistiu”.
Em relação a outra “grande bandeira”, a habitação, que “teve inscritas, 250 casas no Castelo, 100 casas construídas por ano, 46 milhões de investimento, entre outras promessas”, garante que em concreto se tem “duas ou três casas construídas”.
E no que respeita a “grandes promessas, Luís Correia referiu-se também à “construção da Barragem do Barbaído. Um compromisso que só por si, era uma grande promessa, com valores avultados. Que já com o mandato a decorrer, foi reforçada com a afirmação «a Barragem do Barbaído avança com ou sem apoio do Governo», mas que depois, apenas andou aos ziguezagues, pois ora estava no orçamento da Câmara, ora estava no orçamento dos SMAS, sem conseguirmos saber se o objetivo era para abastecimento de água às populações, ou era para regadio, ou para outra coisa qualquer. Ainda hoje não conseguimos ser esclarecidos sobre qual verdadeiramente seria o objetivo desta prometida barragem. Provavelmente seria mesmo para ser apenas promessa”.
Uma atenção especial incidiu sobre o Itinerário Complementar 31 (IC31), com Luís Correia a recordar QUE “o assunto começou, com uma moção do SEMPRE, que por saber que o IC31 estava a ser projetado sem ser em perfil de autoestrada, apresentou uma moção em defesa do IC31 em perfil de autoestrada”. Moção que o “PS votou contra. Mas eis que passado uns tempos, a bandeira é içada pelo senhor presidente e pelo governo de então, afirmando que o IC31 iria ser feito em perfil de autoestrada. E como se não bastasse, o PS apresenta uma moção a elogiar o senhor Presidente pela conquista, que antes tinha sido contra. Mas não se ficou por aqui, pois também assistimos a declarações dos membros do governo PS, dizendo que as obras para o IC31 eram irreversíveis, fosse qual fosse o governo, e que as obras se iniciariam no início de 2025. Pois bem, mais uma bandeira que infelizmente tombou, pois como sabemos, nada está iniciado e vamos ver quando iniciam”.
António Tavares

24/09/2025
 

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