16 outubro 2013

Lopes Marcelo
ALARME ELEITORAL

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Pensarão os leitores, perante o assunto de hoje, que me vou debruçar sobre as recentes eleições autárquicas para avaliar os resultados deste ou daquele Partido ou deste ou aquele Concelho. Tais vertentes já foram abordadas e não irei por aí.
Convido os leitores a refectirem sobre uma questão de fundo e essencial para a clareza e autenticidade da formação e expressão democrática da vontade da nossa população. Trata-se do voto de protesto em relação aos Partidos traduzido nos votos em branco, nos votos nulos e nos votos em candidatos independentes em choque e divergência com os partidos onde militavam. Nas últimas eleições autárquicas tiveram uma enorme expressão, ultrapassando um milhão de votos.
Em relação aos elevados valores da abstenção, mesmo descontando algumas centenas de milhares de não votos da deficiente limpeza dos cadernos eleitorais e de outras centenas de milhares do significativo fluxo de eleitores que emigraram nos ultimos anos, o valor de cerca de quatro milhões, é impressionante! Poder-se-á dizer que o não voto de uma parte dos abstencionistas, não é de protesto mas, antes por comodismo e por desinteresse. Contudo, na sua grande maioria, de forma mais passiva ou activa, não se reveem nos partidos, nas suas políticas e nos seus dirigentes.
Está, assim, configurada uma situação de alarme em que o conjunto dos não votos e os votos de protesto expressos nas urnas ultrapassam mais de sessenta por cento do universo dos eleitores! Se se tratasse da votação num Referendo, os resultados não eram válidos, não eram vinculativos!
Acresce, ainda, que um número crescente de eleitores não abdicando de votar, o fazem em branco ou inutilizando o voto, protestando e impedindo deste modo que o seu voto sirva para o financiamento oficial (portanto com dinheiros públicos), de qualquer dos partidos. É verdade que isto só é válido para as eleições legislativas mas, não sendo possível candidatos independentes das listas partidárias, mais força pode ganhar tal razão para protesto. Embora não considere válida esta ultima razão de protesto (já que a não haver financiamento oficial, se abriria a porta dos partidos ao dinheiro e interesses não transparentes dos privados), muitas outras razões existem para que os cidadãos reajam com crescente desconfiança e, até divórcio, em relação às políticas e aos dirigentes que tomam medidas que prejudicam de forma concreta e grave a sua vida.
Então, podemos e devemos interrogar-mo-nos se a vida democrática em ruptura de confiança não estará muito doente? Os partidos, os seus dirigentes e militantes não terão de reflectir de forma profunda e urgente? Não haverá saídas? O Sistema eleitoral não pode ser melhorado? Estão em causa valores e interesses, de quem? E de que modo?
Os cidadãos não podem resignar-se! Pelo direito à indignação e empenho na participação, existem soluções alternativas!

16/10/2013
 

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