7 Agosto 2013

Pedro Coelho ligou o País a correr em 24 dias e fez mais de 1.050 quilómetros
“Foi uma grande maluqueira em que muitos não acreditavam”

Pedro coelho corrida 03.jpgPedro Coelho, professor de Educação Física e albicastrense por adoção, decidiu partir à aventura e percorrer o País de Norte a Sul a correr.
A partida para esta épica corrida aconteceu dia 14 de Julho, em Caminha, e depois de 24 dias e de mais de 1.050 quilómetros a correr pela costa portuguesa, a aventura tem como ponto final Vila Real de Santo António, onde termina na Praça Marquês de Pombal.
A ideia de realizar esta odisseia começou a ganhar contornos quando soube que não tinha sido selecionado para participar no ultratrail de Mont Blanc, uma prova de 167 quilómetros feita nos Alpes. No entanto, para poder participar os atletas têm que cumprir um conjunto de requisitos nomeadamente, a acumulação de um determinado número de pontos que é obtido em outras provas idênticas e, mesmo assim, isso não lhes garante o sorteio para a participação.
E foi precisamente isso que aconteceu a Pedro Coelho, em 18 de janeiro deste ano. É então que o professor de Educação Física “que nem gostava muito de correr”, começa a pensar no que iria fazer em alternativa à participação no ultrarail do Mont Blanc. Nasce então a ideia de correr a costa portuguesa de Norte a Sul.
A preparação para esta aventura não foi específica. “Passa muito por aquilo que se faz diariamente. Fui correndo com os meus amigos e só com o aproximar do início desta aventura é que me preocupei com a acumulação de quilómetros”, refere Pedro Coelho, acrescentando ainda que aquilo que está a fazer neste momento é muito mais do que todos os quilómetros que acumulou nos treinos.
Gazeta falou com Pedro Coelho um dia antes de terminar esta odisseia, ou seja, no 23º dia de corrida e com mais de 1.050 quilómetros percorridos, mais do que os inicialmente previstos 900 quilómetros, faltando apenas a última etapa entre Tavira e Vila Real de Santo António.
E apesar de faltar um tudo nada para concluir com sucesso esta aventura, Pedro Coelho já tinha a emoção espelhada na voz.
“O mais importante para o sucesso desta corrida foi não haver lesões graves. Passei um mau bocado por causa de um tornozelo, mas a cabeça funcionou muito bem e isso deve-se não só a mim, mas a todas as pessoas que correram comigo, amigos de longa data e também pessoas que não conhecia e que me deram todo o apoio, inclusivamente logístico e alojamento. Tudo isso dá muita força”, refere.

“Tentei e vou conseguir”
O professor de Educação Física confessa que durante todo o percurso já feito e onde encontrou os mais variados tipos de terreno passou por momentos muito difíceis. No entanto, sublinha que o apoio que tem tido foi fundamental para superar as dificuldades e acrescenta que apenas na etapa entre Albufeira e Quarteira, pouco mais de 19 quilómetros, é que esteve completamente sozinho a correr.
E no capítulo dos apoios incondicionais realça o nome de Eduardo Santos, um amigo que se encontra ligado ao atletismo e que preside à Associação O Mundo da Corrida, com sede em Charneca da Caparica. E quanto a apoios logísticos, Pedro Coelho destaca além desta associação, a Associação dos Profissionais de Educação Física de Castelo Branco, Delegação da Cruz Vermelha de Castelo Branco, a Academia de Judo e a Herbalife.
“Nada disto envolveu dinheiro, mas foram fundamentais estes apoios, assim como o apoio que tive ao longo de toda esta caminhada por parte de muitos amigos e até desconhecidos que me ofereceram alimentação e alojamento. É uma experiência única”, diz Pedro Coelho.
Os momentos mais difíceis que passou foram nas etapas Consolação/Ericeira e Ericeira/Cascais. Apesar de ambas serem feitas junto ao mar, Pedro Coelho diz que o terreno era muito duro e por outro lado, descansou menos, devido a ter feito uma etapa noturna (Full Moon Run). Quase no final e com os pés numa desgraça, cheios de bolhas e com unhas que saltaram, o professor de Educação Física de Castelo Branco diz com um sorriso que não lhe provocam dor. No entanto, sublinha que os dois últimos dias foram difíceis, por causa de uma pequena entorse que felizmente não foi impeditiva de continuar a correr até à última etapa.
Já com alguma emoção e a pouco mais de 13 horas do início da derradeira etapa, Pedro Coelho confessa à Gazeta que não sabe como vai comemorar o final desta aventura. “Andei 23 dias a gerir o esforço físico, a alimentação, a hidratação. Amanhã (terça-feira, 6 de agosto, último dia) tenho para gerir as minhas emoções. Sei que vou correr com muitas pessoas a acompanhar-me. Depois vou ter a minha família, os amigos e gente de Castelo Branco que está à minha espera em Vila Real de Santo António. Vou desidratar, porque vou chorar”, conclui.
“Eu tentei e vou conseguir. Esse é o meu mérito”, diz Pedro Coelho, que recorda que o momento mais importante e quando teve a convicção de que iria conseguir terminar esta odisseia foi a etapa entre Mira/Leirosa. “Foi uma etapa marcante. A partir daí a cabeça mandou seguir e as pernas aguentaram (risos)”.
Quando esta edição estiver na rua já Pedro Coelho terminou a sua aventura de mais de 1.050 quilómetros em 24 dias.
Em relação a repetir uma proeza destas, Pedro Coelho diz que “isto faz-se uma vez na vida (risos). Foi uma grande maluqueira em que muitos não acreditavam. Eu próprio tive dúvidas”, confessa, acrescentando que “tentei e vou conseguir”.
Carlos Castela

07/08/2013
 

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