7 Agosto 2013

Valter Lemos
O BP(SD)N, AS SWAPS (E OS CHUMBOS NOS EXAMES)

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De acordo com as sondagens divulgadas parece que após a crise do governo e a birra irrevogável de Paulo Portas tudo ficou sensivelmente na mesma. As intenções de voto, a (pouca) credibilidade dos políticos e das instituições, a má apreciação do governo pelos portugueses, a pouca confiança na oposição e até os episódios à volta dos governantes, agora com novos protagonistas. Parece que Passos Coelho não acerta uma na escolha dos membros do seu governo ou, então, começam a rarear, naquele universo político, as pessoas que não têm problemas relacionados com o BPN ou com aventureirismos financeiros.
O caso Rui Machete veio novamente chamar a atenção para o escândalo BPN. Independentemente dos pormenores que parecem mais ou menos semelhantes aos de Cavaco Silva (comprou muito barato e vendeu muito caro com enormes mais-valias não sustentadas em valor de mercado), a questão de fundo é mostrar, mais uma vez, que aquela fraude bancária envolveu um número alargado de altas figuras do PSD (designadamente do cavaquismo) e que continuamos sem saber a verdadeira dimensão da coisa. Mas sabemos que cada português que nada tinha a ver com aquilo, já pagou mais de um salário completo por causa da negociata. Mas não consta que quem teve essas mais-valias resultantes de um esquema financeiro, afinal fraudulento, tivesse que devolver esses lucros pouco legítimos. Nem parece que a justiça portuguesa, como de costume, tenha muita pressa em esclarecer a vigarice.
O caso do secretário de Estado Pais Jorge veio dar continuidade à novela dos swaps cuja protagonista é a ministra das finanças Maria Luís Albuquerque. Ficamos a saber que, afinal, quase todos os quadros do PSD na área politico-financeira, o que faziam antes de serem governantes, era comprar ou vender swaps. A própria ministra, dois secretários de Estado já demitidos e o novo secretário de Estado, que, para nosso sossego, vai só tutelar as negociações com os bancos nessa matéria!!! Sabe-se que os swaps são, na prática, esquemas financeiros aventureiristas (pese embora as explicações aparentemente muito tecnicizadas que alguns especialistas nos vão tentando impingir). E assim passamos a ter a certeza que temos as finanças do país na mão de um bando de yuppies aventureiros pertencentes à casta dos que conduziram o mundo à crise financeira que, tão duramente, estamos a pagar.
Por mais remodelações, por mais apoios do Presidente da República, por mais cenas de novela mexicana, a verdade é que o governo (e infelizmente o país) continua a ir de mal a pior…

OS CHUMBOS NOS EXAMES
Os inumeráveis exames escolares (4º, 6º, 9º. 11º e 12º anos) apresentaram este ano resultados miseráveis.
Creio que o ministro da educação Nuno Crato e os seus seguidores estarão satisfeitos. Os resultados estão de acordo com a sua retórica. Mais alunos a chumbar dá a aparência de maior rigor, como acontecia na escola do “antigamente”. Apesar dos alunos portugueses terem vindo a melhorar nos resultados dos testes internacionais (PISA, TIMSS e PIRLS) na última década, agora pioram nos testes nacionais… Seria para rir se tal não significasse uma tragédia para milhares de alunos e famílias, alguns dos quais nunca mais recuperarão do fracasso.
Mas, apesar disso, o desmantelamento de tudo o que existia para apoiar a melhoria da aprendizagem dos alunos tem continuado: os planos de recuperação e acompa-nhamento, o plano nacional de leitura, o plano da matemática, as atividades de enriquecimento curricular, a formação dos professores do 1º ciclo em ensino do português, da matemática e das ciências, os territórios educativos de intervenção prioritária, etc. Para além disso as condições de ensino nas escolas pioram dia-a-dia: crescimento do número de alunos por turma, fim dos desdobramentos para aulas práticas ou laboratoriais, diminuição das condições de trabalho dos diretores de turma, direções das escolas cada vez mais afastadas da gestão pedagógica devido ao crescimento das questões administrativas com os mega-agrupamentos, entre muitas outras.
Apesar das cumplicidades da “boa imprensa” com o ministro, nada há como deixar atuar a realidade para desmascarar a demagogia. Já se percebe que a conversa do “rigor” e do “facilitismo” é afinal “conversa da treta” que esconde muita demagogia política e muita falta de com-petência. Rigor é aprenderem, facilitismo é chumbarem.
Na verdade difícil é ensiná-los, fácil é chumbá-los!

07/08/2013
 

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