19 março 2014

Lopes Marcelo
Que Europa?

Em Maio vamos a votos. O Parlamento Europeu é o único nível de decisão e orgão de poder da União Europeia que é eleito directamente. Na dita Europa dos cidadãos, as eleições deveriam constituir uma oportunidade de debate e de reflexão sobre o futuro, partindo da história e dos factos da realidade que nos tem envolvido. Contudo, quase sempre, a imagem da Europa dos nossos dias não vai além das cimeiras de chefes sempre bem-dispostos, em cortejos de alta segurança, meios e ambientes luxuosos, tantas vezes adiando decisões ou fazendo de conta que decidem, pois já tudo estará combinado nos meandros especulativos e interesses da grande finança.
Mas houve uma origem, uma história e uma estratégia, e há razões muito fortes que nos interpelam pois interferem com a nossa vida. Por mais estranho que possa parecer às gerações mais novas que dão a paz e o progresso como adquiridos, foi necessário renascer das cinzas!
Analisemos um pouco a história e a estratégia do enquadramento do renascer da Europa a seguir à II Grande Guerra. Nos meados do século XX, o centro da Europa encontrava-se dilacerada por conflitos e nacionalismos. Na década de quarenta, o regime da Alemanha nazi inchando de autoritarismo e militarismo invadiu sucessivos países. O mal - identificado com a guerra, a morte, a a destruição, a não dignidade da pessoa humana, o elitismo da pseudo superioridade de uma raça e de um regime sem limites – banalizou-se, generalizou-se de tal forma rude e vio-lenta que o medo paralisou e bloqueou os melhores valores da civilização.
Até ao dia D (6 de Junho de 1944) a Europa parecia perdida. Nesse dia aconteceu o desembarque do exército americano nas praias da Normandia. A superioridade aérea dos americanos determinou o fim da guerra, mas ficou uma terrível herança. Dezenas de milhões de mortos, sobretudo fora dos campos de batalha! Milhões de pessoas deslocadas e famílias destroçadas! Estradas, pontes e cidades arrasadas! Destruição de culturas nos campos, nos territórios dilacerados – fome generalizada!
Mas existiram actores, estadistas e os povos que resistiram e assumiram o reerguer da Europa. Os países Aliados formaram, em Outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas para consolidar a paz e, mais importante, em 1948, foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos!
Verificou-se uma estratégia conjunta da parte das principais figuras, que podemos considerar como fundadoras e intérpretes do sentido da história, do renascer solidário para uma certa convergência de objectivos e unidade na acção. Entre algumas dezenas de actores e agentes culturais e políticos esclarecidos, são incontornáveis pelo menos quatro dessas grandes figuras: Wiston Churchil; Jean Monet; Robert Schuman e Konrad Adenaur. Voltaremos ao convívio com estes fundadores de um projecto Europeu que nasceu solidário e só se ergueu pela entre-ajuda.

19/03/2014
 

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