Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural em Idanha
“Regadio é arma poderosa contra a desertificação”
O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Gomes da Silva, defende que o regadio é uma “arma poderosa” que temos para o combate à desertificação e argumenta que “há inteligência e saber no País para fazermos do regadio uma arma de combate à desertificação”, uma vez que “tem ainda um conjunto de consequências positivas para a fixação de populações e no combate aos incêndios florestais”.
O governante falava em Idanha-a-Nova, na passada quarta-feira, dia 12, no encerramento de uma ação de apresentação do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), cujo processo de consulta pública terminou um dia antes.
Gomes da Silva referiu que o Conselho Nacional do Regadio “vai ser ativado” e sublinhou que Portugal é dos países europeus “onde mais se sabe sobre regadio e o uso da água” e deixou ainda alguns desafios ao regantes e associações, sobretudo sobre os preços de acesso e da água. Matéria em que sublinhou que “não esperem os regantes e as respetivas associações que as questões dos preços da água e do acesso ao regadio venham a ser colocadas por outros. Não sou eu que determinarei se no regadio a água é mais barata ou cara”.
Gomes da Silva entende que aquilo que o setor deve fazer, com a colaboração da tutela, “é uma reflexão séria sobre esta questão, no sentido de conseguirmos evidenciar à sociedade que o regadio não é só utilizar água. Aquilo que pretendemos fazer é ter capacidade de captar e armazenar recursos hídricos, dar-lhes um uso que ajuda a fixação de populações em zonas rurais e evidenciar à sociedade que este uso tem um conjunto de consequências importantes para o território e para a própria sociedade”.
Apenas um terço da área
ardida foi floresta
O governante explicou ainda que dos 140 mil hectares de área ardida no ano passado, apenas um terço foi floresta, sendo o restante mato. “Atualmente a floresta tem uma estratégia e um planeamento. Não é verdade que o ritmo de destruição seja aquele que muitas vezes se faz crer. Do total da área ardida no ano passado, um terço foi floresta, o restante foram matos”, referiu Gomes da Silva.
“Não é que isso não seja importante, é evidente que tem importância, mas não é a mesma coisa”, acrescentou.
“Tudo o que temos que fazer é continuar a trabalhar e conseguir implementar tudo o que está previsto. Não sou favorável a andar a alterar legislações e planos antes de provarmos que eles não estão bem”, disse o secretário de Estado, referindo-se ao ordenamento da floresta e aos incêndios.
Gomes da Silva realçou ainda o esforço feito por todos os governos nestas áreas, desde 2005. “Desde essa altura, já houve governos de todas as cores e o mérito que tem havido nesta matéria nos últimos 10 anos, é que tem havido a capacidade de, mudando os governos, manter o mesmo caminho”, refere o governante.
“Aquilo que espero é que pelo facto de o ano passado ter sido completamente excecional ao nível dos incêndios, não vamos cair na tentação de recomeçar tudo outra vez. Vamos aguentar e seguir em frente”, referiu.
Idanha quer Herdade
do Ribeiro do Freixo
O presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, defendeu a necessidade de combater as assimetrias entre as regiões do Interior e do Litoral e afirmou que “todos estamos interessados em alterar a atual situação. Temos aqui um desígnio nacional”.
O autarca aproveitou a presença de Gomes da Silva e da presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Paula Sarmento, para desafiar o Estado Português a ceder à autarquia a gestão da Herdade do Ribeiro do Freixo.
O objetivo, explicou, é criar naquele terreno, “uma escola de sustentabilidade”, para “que os jovens percebam que podem ser excelentes empresários agrícolas ou dedicar-se ao turismo rural”, rentabilizando aquela propriedade, à semelhança do que aconteceu no arrendamento da Herdade do Couto da Várzea.
Armindo Jacinto lamentou ainda que ao contrário do que acontece noutros países europeus, Portugal não valorize o investimento no turismo em espaço rural.