29 janeiro 2014

Carlos Semedo
A História do Cinema

 

Escrevo estas linhas após doze horas de cinema. Um filme que é uma história do cinema e que ainda não acabou. Faltam ainda três episódios de uma hora cada. Muitos já adivinharam que me estou a referir ao A História do Cinema, de Mark Cousins, uma maravilhosa viagem – o autor chamou-lhe Odisseia – através de décadas de mudanças sociais, tecnológicas e artísticas.
Num dos episódios, refere-se o susto da audiência, quando o comboio parece dirigir-se para a mesma. Num outro momento, em África, um estádio com milhares de pessoas aguarda o início do Festival de Cinema local. Mostra-se, também, o poder de um filme afectar de tal maneira o público, que origina desmaios e reacções histéricas. No A História do Cinema cabem os cinemas de (quase) todas as latitudes. Américas, Europa, África, Ásia e Austrália são visitadas através do poder de gerar ideias e emoções das diversas abordagens cinematográficas. Somos confrontados, por um lado, com a intensa relação entre a economia – “a indústria” - e o cinema e, por outro, com a tremenda capacidade de um filme para caracterizar um determinado momento histórico de um país.
Esta Odisseia confirmou algo que já tinha bem assimilado: a riqueza e a diversidade de produção cinematográfica ao longo da sua história, tem sofrido, nos últimos anos, ao nível da difusão e distribuição, de um considerável afunilamento na oferta. A “programação”, nos chamados cinemas comerciais está condicionada, como nunca esteve, pelo domínio da produção norte-americana. Quando um filme francês, italiano, japonês ou iraniano consegue furar esta dominação é motivo para festa. Ora, uma das coisas que o A História do Cinema mostra é exactamente que, embora os Estados Unidos da América tenham uma importância capital na produção cinematográfica, há muitos outros países nos quais, historicamente e hoje em dia, se produziu e se produz muito bom cinema.
Uma nota para o facto de até agora, faltando os três últimos episódios, ainda não se ter vislumbrado alguma referência ao cinema português. Pode ser um sinal da fragilidade da nossa produção, mas também pode mostrar que a tarefa ciclópica de mostrar uma história tão rica como a do cinema, obrigou Mark Cousins, a omitir alguns dos seus filmes e seus criadores.
Seja como for, penso que este monumental documento deveria ser obrigatório em qualquer escola de artes e, porque não, nas escolas secundárias do nosso país.

29/01/2014
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video