SOCIEDADE DOS AMIGOS DO MUSEU VAI PROTEGER O LOCAL
Menir pré-histórico regressa ao Monte de São Martinho
Uma réplica do menir pré-histórico que Francisco Tavares Proença Júnior, fundador do Museu com o seu nome em Castelo Branco, descobriu em 1903, foi simbolicamente colocado no cimo do Monte de São Martinho, em Castelo Branco, regressando ao local de origem onde há três mil anos cumpria a sua função religiosa.
A relocalização do monumento foi um dos principais momentos da visita promovida pela Sociedade dos Amigos do Museu Francisco tavares Proença Júnior a este importante sitío arqueológico situado nos arredores de Castelo Branco. O Monte de Swão Martinho e a sua área envolvente tem provocado o interesse de dezenas de investigadores nacionais e internacionais pelo estudo do passado nesta região da Peninsula Ibérica. O Monte de São Martinho, ainda envolvido por uma paisagem natrural e rural tradicional, é um dos pontos de onde se pode abarcar um dos maiores horizontes visuais junto da cidade, assumindo-se como um importante recurso cultural e turistico ainda desonhecido para muitos.
Celeste Capelo, presidente da Sociedade dos Amigos, considera que é o reforço do conhecimento histórico e das potencialidades do local que quer implantar nas dinâmicas do Museu e da cidade. “Com esta visita juntamos um conjunto de sócios e outros colaboradores com competências muito importantes que procedeu a uma análise preliminar e mais cuidada sobre os elementos naturais e culturais, alguns com milhares de anos, existentes nesta paisagem sublime. Queremos ligar o São Martinho ao Museu e à cidade, como aliás era intenção do seu fundador. É uma orientação programática que devemos respeitar. Vamos incrementar o estudo, através do apoio a prospeções científicas, edições e escavações e divulgar estes locais junto do público escolar e da Região”.
Celeste Capelo aproveitou ainda para avançar que a Sociedade já se encontra a preparar, com a Associação de Estudos do Alto Tejo, através dos arqueólogos Francisco Henriques e João Caninas, o 2º Congresso de Arqueologia da Região de Castelo Branco, que decorrerá em outubro. Congresso que terá a coordenação cientifica da arqueóloga Raquel Vilaça, professora da Universidade de Coimbra e uma das maiores conhecedoras do passado na Beira.
A visita realizada ao Monte de São Martinho no fim de semana, foi orientada pelo historiador Pedro Salvado que há décadas tem estudado estas realidades culturais. Salientando a necessidade em se voltar a recentralizar a arquelogia regional em Castelo Barnco, afirma que “foi a partir da nossa cidade que Tavares Proença afirmou a arqueologia da Beira à escala nacional e internacional. Fomos dos primeiros museus arqueológicos de Portugal, com uma revista e com um esboço de carta arqueológica distrital”.
Acrescenta que é “a Tavares Proença quem devemos o início da descodificação das nossas origens enquanto comunidade com uma hisória milenar. O termos trazido uma réplica do célebre menir neo-calcolítico para o seu antigo horizonte vital teve um valor simbólico original”, sublinhando que “é um apelo a uma patrimonialização e musealização desta parcela periurbana da cidade, em que o valor patrimonial único se encontra ameaçado por um crescimento difuso, que tem destruído muito património arqueológico”.
Pedro Salvado realça igualmente que “a Senhora de Mércules e o Monte de São Martinho são lugares fundacionais da paisagem cultural albicastrense. A lenda da cidade desenvolveu-se nestes horizontes. e o menir e as estelas pré e proto-históricas que Tavares Proença aí encontrou, assim como inúmeros vestigíos romanos e até árabes são monumentos e realidades que todos devemos conhecer. É esta originalidade milenar que queremos, juntamente com outros atores, como a Câmara, devolver e dar a conhecer e continuar a investigar para fortalecer a nossa identidade”.