O presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Luís Correia, disse, no passado sábado, no salão nobre dos Paços do Concelho que “todos os momentos são bons para homenagear os homens bons”.
O autarca, que falava durante a cerimónia de homenagem que o município prestou ao antigo Presidente da República, António Ramalho Eanes, realçou ainda o percurso público e profissional do antigo chefe de Estado.
“A trajetória pública e profissional fazem de Ramalho Eanes uma figura maior da história do país”, afirmou.
Luís Correia recordou ainda, perante todos aqueles que se quiseram associar a esta iniciativa, o percurso de António Ramalho Eanes desde o 25 de abril e a célebre frase proferida pelo general em 1976, aquando da sua candidatura a Belém: “Quero ser o presidente de todos os portugueses”.
O autarca albicastrense disse que esta afirmação do antigo chefe de Estado, “passou a ser uma declaração de princípios de todos” os candidatos à presidência da República e realçou ainda o efeito “apaziguador” de Ramalho Eanes sobre os portugueses.
“Esta é uma homenagem ao homem e ao caminho que trilhou” e um “tributo por tudo o que fez pela sociedade portuguesa e pela democracia. Bem haja pelo exemplo que personifica”, afirmou Luís Correia.
António Ramalho Eanes emocionou-se ao falar sobre o “chão albicastrense” onde tem “raízes de memória” e adiantou que é seu dever “estar grato a Castelo Branco, onde hoje regresso”.
O antigo Presidente da República falou depois de todo o seu percurso de vida iniciado, precisamente, no liceu de Castelo Branco, até aos dias de hoje.
Recordou que a democracia e a cidadania “exigem uma participação responsável de todos” e sublinhou que “o cidadão não pode deixar de ser o protagonista” de um regime democrático.
Deixou ainda um apelo aos políticos para que estes “não esqueçam nem temam a sociedade civil”.
No salão nobre dos Paços do Concelho, a pedido de Luís Correia, fez-se ainda um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados de Paris.
O autarca albicastrense prendou depois o e chefe de Estado com a moeda de ouro com o bordado de Castelo Branco, lançada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Homenagem
é à vila de Alcains
De Castelo Branco, Ramalho Eanes rumou à sua terra natal, a vila de Alcains que lhe prestou uma segunda homenagem no dia em que celebrou também os 44 anos de elevação a vila.
Durante a cerimónia promovida na sua terra natal, o presidente da Assembleia de Freguesia de Alcains, Jorge Micaelo, recordou que “hoje homenageamos um concidadão da terra e um cidadão do país”.
Para Jorge Micaelo, Ramalho Eanes é um homem de “múltiplas qualidades, tornando-se difícil enumerá-las todas”.
“Prestamos-lhe uma homenagem institucional que será sempre pequena pela sua grandeza”, concluiu.
Já a presidente da junta de Freguesia de Alcains, Cristina Granada, disse ser “inegável a influência que Ramalho Eanes exerce em cada um” dos portugueses.
“Estamos hoje a prestar-lhe este reconhecido testemunho que nos atrevemos a chamar de homenagem porque é muito reconhecida. Através da sua ação e exemplo a história do nosso país incorporou a palavra Alcains e a nossa vila”, disse.
A autarca atribuiu a chave de honra da vila ao antigo Presidente da República que, após recebê-la disse: “eu fico com a chave, mas prometo manter sempre a porta aberta”.
No final, o antigo presidente da República António Ramalho Eanes, em declarações à comunicação social, disse que não gosta de homenagens e considerou que a cerimónia que lhe proporcionaram em Alcains é, sobretudo, uma homenagem à vila.
“Eu não gosto de homenagens porque entendo que se mérito tive, foi em coordenar a ação de homens, em mobilizar a sua vontade, em aproveitar as suas aptidões e competências para fazer determinados trabalhos”, disse.
Ramalho Eanes sublinhou que a cerimónia de homenagem foi, sobretudo, à vila de Alcains.
“É uma homenagem a esta terra que tem dados muitos lideres. O líder não é um homem genial, mas aquele que consegue mobilizar a genialidade dos outros e fazer com que eles cresçam e ofereçam sombras e frutos. O líder não tem que estar em bicos de pés, mas fazer com que os homens caminhem de acordo com as suas aptidões e quando são geniais, que mostrem que são geniais”, sustentou.
Para Ramalho Eanes o seu trabalho só teve mérito, “porque os outros que fizeram equipa comigo, quiseram estar comigo, participar nos meus projetos, por vezes até levando-os mais longe do que eu tinha admitido”.

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