Joaquim Martins
No berço da democracia, sinais de esperança!
No berço da democracia, sinais de esperança! – Os resultados das eleições na Grécia são o acontecimento da semana e estarão no centro da atualidade política, nos próximos tempos. As reações na Grécia não surpreendem. Suspira-se de alívio, renasce a Esperança e há ventos de mudança no ar. Um povo asfixiado, vergado pelo garrote da austeridade ergueu-se e escolheu um caminho novo. Apesar das pressões e das ameaças. Apesar da chantagem. Arriscou enfrentar a Europa conformista. E agora? Agora, no mínimo, vão obrigar a Europa a olhar-se ao espelho e a avaliar o resultado das suas políticas de austeridade.
E as reações na União Europeia? Espanto, incredulidade e desconfiança. As palavras de Passos Coelho sobre “O Partido que ganhou as eleições” (Terá sido por lapso de memória que não conseguiu pronunciar o nome do Partido, nem do novo 1º ministro?!) traduzem o pensamento dominante na União Europeia e que é o da Sra Merkel: “A Europa tem regras e é preciso cumprir as regras… e os compromissos têm que ser respeitados!” Pois é! Mas todas as regras têm um contexto, uma história e limites. E às vezes já não servem os objetivos e é preciso alterá-las ou quebrá-las! Tal como o respeito pelos compromissos. Mais importante é o respeito pela dignidade do País e pela defesa do Bem Comum.
Os Gregos mais do que escolher o SIRYZA ou TSIPRAS escolheram dizer não às políticas cegas de austeridade que só produzem desemprego e miséria. Querem trabalho e Renegociação da dívida e das regras. Querem diálogo na Europa, dita, Comunitária!
No berço da democracia, volta-se a sonhar! Há sinais de esperança!
AUSCHWITZ – 70 anos! O dia 27 de janeiro, por decisão das Nações Unidas, é o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. Na cerimónia dos 70 anos assinalados esta semana, com a presença de 300 sobreviventes, esteve a chanceler alemã, Ângela Merkel.
Lembrou-se com certeza da “maldade” e da cegueira irracional de que o povo alemão é capaz! Lembrou os horrores praticados naquele campo sob o lema “O trabalho liberta”. Talvez se tenha lembrado do drama da guerra. Dos abusos. Dos roubos. Das dívidas. Talvez até se tenha lembrado da dívida da Alemanha à Grécia e de como foi perdoada!
Oxalá que o gesto de reavivar a memória lhe seja útil para facilitar o diálogo não só com a Grécia, mas com os outros povos da União Europeia.