Celeste Capelo
“Cada qual é para o que nasce” - Português e Beirão
É natural que os portugueses sintam orgulho quando qualquer cidadão de Portugal é elevado ao mais alto posto de uma organização mundial seja ela política, científica, desportiva, eclesiástica etc.
É natural e, por isso, faz parte da natureza humana. Mas não é só em Portugal, é assim por todo o Mundo e volto a frisar, faz parte da natureza humana.
Quando o Papa Francisco foi eleito, a Argentina rejubilou de alegria; quando Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador do Mundo, todo o País sentiu orgulho; quando Saramago recebeu o Prémio Nobel sentimos também uma enorme satisfação, quer se goste, ou não, da sua obra literária. No fundo, é o nome de Portugal prestigiado, que nos provoca este sentimento de alegre euforia.
Curiosamente, ou não, nos três casos Portugueses que acima refiro, todos foram projetados fora do País. Será que o ditado popular “a terra é madrasta para os seus filhos”, tem aqui a sua expressão?
O título desta crónica refere, obviamente, o Engº António Guterres recentemente eleito Secretário Geral das Nações Unidas. Não sendo Beirão de nascimento, é-o no entanto pela vivência que teve junto dos seus familiares na freguesia das Donas no concelho do Fundão.
Durante o período das votações (nunca pensei, nem tinha dado conta deste processo tão complicado de votações sucessivas), ouvia dizer-se na imprensa e nos comentários, que o Engº António Guterres, era o homem certo para o lugar certo.
Recordando algumas palavras de antigos seus opositores, que então referiam a sua inabilidade na governação, teciam agora palavras elogiosas à sua pessoa.
Não estou a fazer um mau juízo dessas pessoas, pois posso até estar eu incluída entre aqueles que o fizeram, publicamente e com maior projeção.
Realmente os meandros da Governação não se coadunam com a personalidade e formação de António Guterres.
Recordando um pouco esse tempo, tenho aqui de lembrar a dolorosa situação que vivia com a doença da sua mulher, que pouco tempo depois viria a falecer.
Depois, penso que não se sentiria muito confortável com o advento das ideias que então começavam a fervilhar e a ter forma no interior do Partido Socialista.
Refiro o casamento homossexual, a lei do aborto, a co-adoção por casais do mesmo sexo, a procriação medicamente assistida, mais conhecida por barrigas de aluguer, a legalização das drogas leves (que em breve se tornarão duras)etc.
Quando em 2005 aceitou o cargo de Alto Comissario das Nações Unidas para os Refugiados disse: “É o que queria fazer nesta fase da minha vida, uma atividade humanitária de empenhamento total”.
Agora, e recentemente no primeiro debate entre os candidatos a Secretário Geral da ONU, disse e cito: “Senti a frustração de ver as pessoas a sofrer e saber que não tinha uma solução para elas. Foi por isso que entendi ser minha obrigação candidatar-me a Secretário-Geral da ONU”. Para finalizar o que quero dizer e constatar, é a sabedoria do Povo traduzida também neste provérbio português: “Cada qual é para o que nasce”.