CONTRATOS DA CÂMARA DE CASTELO BRANCO
Luís Correia esclarece
O presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, contactado pela Gazeta, esclarece a polémica surgida depois de na passada segunda-feira, 21 de maio, o jornal Público ter publicado uma notícia em que se pode ler que “o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, assinou, em no-me da autarquia, pelo menos dois contratos com o próprio pai, sócio de uma empresa de estruturas de alumínio. A firma, de que são igualmente sócios o pai e um tio da mulher do autarca, a deputada socialista Hortense Martins, foi contratada por aquele município pelo menos sete vezes, sempre por ajuste direto”. Notícia em que também se pode ler que “para lá destas adjudicações, o município - de que Luís Correia foi vereador a tempo inteiro entre 1997 e 2013, ano em que sucedeu na presidência ao também socialista Joaquim Morão - celebrou numerosos contratos com outras empresas às quais o autarca, o pai e as irmãs se encontram direta ou indiretamente ligados”.
No esclarecimento feito à Gazeta Luís Correia começa por afirmar que “uma notícia publicada num jornal, sob o título CASTELO BRANCO - Câmara adjudicou mais de uma dúzia de contratos a empresas da família do seu presidente, pretende lançar um conjunto de suspeições sobre a minha atividade como autarca e insinua alegadas ligações menos lícitas entre a Câmara Municipal a que presido e empresas criadas há décadas e que nunca precisaram da autarquia, nem de qualquer suposto benefício relacionado ou decorrente do desempenho das minhas funções autárquicas e públicas, para se afirmarem com sucesso no mundo empresarial”.
O autarca realça que, “na verdade, as diversas empresas referidas na notícia foram criadas em anos como 1975, 1982 e 1992, e desde sempre tiveram gerências que integraram e integram pessoas de reconhecida idoneidade, pessoas que têm norteado a sua vida pelo trabalho sério e honrado, sem dependências ou benefícios quaisquer que sejam, a não ser os que são fruto do seu sacrifício e empreendedorismo, embora sempre tenham mantido relações comerciais com a Câmara Municipal, nomeadamente antes de eu ser vereador ou presidente”.
Luís Correia acrescenta que “o meu pai – ao qual me vejo obrigado a fazer referência por via da notícia publicada – é um profissional reconhecido e respeitado no meio, empresário que se fez a si próprio, que não precisava – nem precisa – que o filho chegasse à política para fazer o seu percurso laboral, que inclui também a liderança de associações empresariais”.
O autarca esclarece também que “enquanto Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco já reconheci, há meses, em sessão pública do Executivo, ter assinado em ato não presencial e por lapso – demasiado óbvio e grosseiro para poder ser doloso – um contrato com a Strualbi, em 2014”.
Assim, considera que, “na verdade, a presente notícia não revela, nem acrescenta, nada de novo” e sublinha que “tal como assumi nessa primeira reunião pública deste mandato e como a comunicação social regional deu eco, assinei um contrato por lapso. E se bem que poderia ter existido um segundo contrato nas mesmas condições, em 2015, ao dar-me conta da situação determinei de imediato a sua anulação. Mais do que isso. Por iniciativa própria e muito antes de existir qualquer notícia de jornal, solicitei aos serviços da Câmara Municipal que garantissem a exclusão da empresa de quaisquer procedimentos concursais”.
Feito este esclarecimento, Luís Correia adianta que “relativamente a tudo o demais remeto-me ao silêncio, por considerar que nada mais há a dizer” e realça que “é minha profunda convicção que este é mais um forte ataque à Câmara Municipal de Castelo Branco e, por essa via, à liderança que assumo. Um ataque que reflete uma forma de estar que não partilho – nem na minha vida pessoal, nem na política – e que mais não busca do que o controle da Câmara Municipal por qualquer outra via que não seja a disputa eleitoral”.
Luís Correia garante ainda “aos munícipes albicastrenses quero garantir que continuarei a trabalhar como até aqui, com total dedicação à nossa Comunidade e na defesa do interesse público, sem me deixar manietar ou limitar por quem, com estes métodos, não visa mais que o ataque pessoal e a descredibilização da atividade política”.
Entretanto, a Comissão Política Concelhia do Partido Social Democrata (PSD) de Castelo Branco, também veio a público e em comunicado, com base na notícia do Público afirma que “este cruzamento de interesses entre as atividades económicas das famílias do Sr. Presidente da Câmara e o Município de Castelo Branco são ética e moralmente reprováveis, não podendo ser branqueado ou menosprezado com a justificação leviana que se tratou de um «lapso evidente e ostensivo», como referiu Luís Correia”.
Tudo, para mais à frente defender que a Concelhia “constata que a governação autárquica de Luís Correia fica, indelevelmente, marcada pela falta de transparência”.