António Tavares
Editorial
Os casos que envolvem os deputados da Assembleia da República têm captado a atenção da opinião pública.
Primeiro foram as presenças fantasma, com alguns deputados a conseguirem não ter falta, quando estavam noutros locais, por vezes bem longe de Lisboa. Para quem duvidava, afinal tudo indica que o dom da ubiquidade existe, pelo menos para alguns.
Mas os casos não terminam por aí, pois o Tribunal de Contas veio alertar para outras questões, nomeadamente o facto dos deputados usufruírem de um seguro de saúde ilegalmente, assim como de existir a possibilidade de haver fraude fiscal no que respeita às viagens pagas aos deputados dos Açores e da Madeira.
Benefícios atrás de benefícios, tanto mais se se considerar que os deputados têm acesso à ADSE e na Assembleia da República dispõem de um gabinete médico e de enfermagem. Mas não é só, os deputados também têm direito a um seguro de vida e a um seguro de assistência em viagem e acidentes pessoais. Claro está que tudo isto além do vencimento.
Os benefícios são ainda maiores para os deputados dos Açores e da Madeira que, por semana, recebem um subsídio fixo de 500 euros para uma viagem de avião às ilhas. Subsídio que é pago quer viagem ou não, não existindo sequer necessidade de entregar um comprovativo.
Contas feitas chega-se à conclusão que os deputados, tudo somado, têm um vencimento chorudo, ao contrário da maioria dos Portugueses, que representam...
Basta ter em atenção que para o próximo ano o salário mínimo, bruto, para a esmagadora maioria deverá ser de 600 euros. Mas até aqui os Portugueses não são todos iguais, pois para a função pública esse valor deverá subir para 635 euros.
Isto é Portugal!