13 de fevereiro de 2019

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

VIVEMOS HOJE UM AMBIENTE DE CRISPAÇÃO? Quem seguir alguns meios de comunicação ou pela boca da oposição dir-se-ia que sim. Mas a perceção de parte importante dos cidadãos não é essa, até porque se vive um clima de alguma confiança na estabilidade política e económica do país. A ideia de crispação poderá resultar do confronto entre o governo e o grupo profissional dos enfermeiros com os ânimos cada vez mais azedados desde há algum tempo e a terminar na requisição civil, uma forma de resolver(?) problemas que parecem irresolúveis. São reivindicações, algumas muito justas e que atravessam mesma a quase totalidade do funcionalismo público, em particular os pro- fessores que são um grupo igualmente em luta. E outras são um pouco irrealistas no contexto atual, pois os enfermeiros mesmo que convencidos de terem toda a razão, sabem que o governo nunca poderia atender reivindicações como idade de reforma aos cinquenta e sete anos e subida de salário de entrada na carreira para os mil e seiscentos euros, porque seria abrir a caixa de Pandora. E depois é a estratégia adotada, a da greve cirúrgica, que torna esta greve eficaz nos efeitos com um mínimo de esforço dos grevistas, que não a torna muito popular entre a maioria dos portugueses, fato que é meio caminho andado para o seu insucesso. E se tal não bastasse, temos ainda uma greve de novo estilo, que alguns já apelidam de greve do século XXI, com recurso ao crowdfunding, um fundo gerido por uma entidade alheia ao sindicato que recolhe fundos de quem quiser ajudar com fundos financeiros os grevistas que desta forma não terão os rendimentos afetados pela sua participação na ação, de tal forma que um dos dois sindicatos que convocaram a greve, já sonha prolongá-la até às próximas eleições legislativas, em outubro. Legitimamente ou não, é uma forma clara de fazer pressão  política sobre o governo. E pode sonhar com isto porque espantosamente, os valores recolhidos pelo croudfunding já se aproximam do milhão de euros, coisa nunca vista e que levanta claramente algumas dúvidas sobre a natureza, obje-tivos e identidade dos doadores e que por isso mesmo já está a ser investigado pela ASAE. E se tudo isto não bastasse, ainda temos uma intervenção polémica da Ordem dos Enfermeiros, especialmente pela voz da bastonária Ana Rita Cavaco que é tida como uma das principais impulsionadoras da greve e, de acordo com uma peça jornalística publicada na ultima edição em papel do Diário de Notícias, há mesmo instruções de membros da direção da ordem sobre a estratégia comu-nicacional dos sindicatos em greve, possivelmente extravasando as funções da Ordem. E as comparações entre as competências dos médicos na entrada na carreira e dos enfermeiros, opinião curiosamente partilhada  com as mesmas palavras pela líder da ASPE, Lúcia Leite, é rastilho para desunir  dois dos principais pilares do SNS. Do que ninguém tem dúvida é o de que enfermeiros motivados, empenhados e devidamente valorizados são essenciais ao bom funcionamento do SNS.

13/02/2019
 

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