27 de fevereiro de 2019

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

DURANTE QUATRO DIAS REUNIRAM-SE, SOB A ÉGIDE DO PAPA FRANCISCO, os líderes da Igreja Católica de todo o mundo para refletirem sobre os escândalos sexuais que têm afetado a sua credibilidade. Mais do que questões de ordem sexual, que desde sempre mesmo as comunidades mais pequenas quase sempre compreenderam e até aceitaram baseado no princípio de que por vezes a carne é fraca e que é humana a atração e relacionamento amoroso entre adultos, como ficou fixado em obras literárias bem conhecidas, o escândalo passa por práticas desviantes e repugnantes porque nas relações pedófilas há um elemento, a criança, que está dependente da figura tutelar do clérigo. Já há dezenas de anos que se sabem destes casos, mas que eram tabu e escondidos pela hierarquia, deixando abandonados na infinita dor, com marcas para toda a vida, milhares de crianças vítimas desta ignomínia. Agora, no pontificado do Papa Francisco os ventos mudaram, apesar das críticas e movimentações da ala mais ortodoxa e tradicional. E finalmente a Igreja enfrenta um problema que a estava a minar. O Papa comparou estes comportamentos aos sacrifícios humanos comuns nos rituais pagãos antigos e garantiu que agora “nenhum abuso deve ser jamais encoberto e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação e o escândalo” com aplicação rigorosa das leis eclesiásticas e apoio à aplicação das leis civis, como ainda esta semana aconteceu com o cardeal australiano que chegou a ser o número três do Vaticano e foi agora considerado culpado de cinco crimes de abuso sexual. Era este o caminho que os católicos e não católicos de todo o mundo esperavam de um Papa popular, caloroso e próximo dos fiéis como é Francisco.

NA SEMANA PASSADA ESCREVIA-SE AQUI SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA e o problema de formação dos atores judiciais, identificado pela Ministra da Justiça. E deu-se como exemplo o caso de Neto de Moura que esta semana volta a estar em foco, talvez para provar que ele, mesmo com formação já lá não vai. Que o ponham noutras quaisquer tarefas, menos a julgar casos de violência doméstica. Esta figurinha misógina decretou agora a retirada da pulseira eletrónica que impedia a aproximação à vítima de um homem condenado por agredir com tal violência a mulher, desta vez não era adúltera, que lhe rebentou o tímpano.

NA MADRUGADA DE SEGUNDA, MAIS UMA VEZ OS CINÉFILOS puderam seguir a cerimónia dos Oscares, em Hollywood. O principal prémio, o de melhor filme, era esperado para o Roma, produzido pela plataforma de streaming Netflix, um filme adorado pela crítica e pelo público, que viria a receber três Oscares, entre eles o de Melhor Filme Estrangeiro. Porque a indústria de Hollywood não se quis render aos novos ares de distribuição e premiou Green Book, um Guia para a Vida, um igualmente excelente filme num registo de fição bem mais tradicional a que não falta o happy end que nos faz sair da sala a refletir sobre os graves problemas de racismo existentes nos anos 60, como ainda agora nos anos Trump, mas felizes pelo desfecho. E para nós a felicidade também passa por em Castelo Branco haver uma agenda cultural que nos traz os grandes filmes que alimenta a cinefilia dos albicastrenses. Uma palavra de louvor também para o Cinebox do Alegro que tem vindo a melhorar de forma visível a sua programação. Este é o happy end de que gostamos.

27/02/2019
 

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