5 de junho de 2019

Valter Lemos
LIÇÕES EUROPEIAS

As eleições europeias, foram, apesar da abstenção, mais discutidas em Portugal do que em anos anteriores. E diga-se que os resultados foram, afinal, mais próximos dos de há 5 anos do que as televisões quiseram fazer crer na noite eleitoral, como se pode ver no quadro.
Resultados nacionais

 Resultados

Em suma, O PS ganhou. Mas, nem o PS ganhou tanto nem o PSD e o CDS perderam tanto (aliás a sua percentagem somada em 2019 até é maior do que em2014). No que respeita a deputados eleitos, o PS ganhou um, o PSD mais o CDS ficaram com igual número, o BE ganhou 1, o PCP perdeu 1 e o PAN ganhou 1, tendo o MPT perdido os 2 que tinha. Nem a vitória do PS, nem a derrota do PSD são assim tão significativas, ao contrário do PCP que perde 1 deputado e quase metade da percentagem de votos. O PAN que triplica os votos e elege 1 deputado e o BE que duplica votos e deputados são as vitórias mais significativas.

No quadro europeu também houve algumas mudanças, mas também menores do que se esperava.
1 – Abstenção
A abstenção, ao contrário das constantes campanhas antipolítica e anti europa, diminuiu e foi a mais baixa de sempre, sendo que cerca de metade dos europeus votaram. Para um tempo em que as redes sociais e mesmo muita comunicação social estão cheias de campanhas antipolítica e apelos à abstenção, o resultado contraria essa propalada tendência abstencionista.
Mas, em Portugal a abstenção foi mais elevada tendo crescido, ligeiramente, para perto de 70%. Os portugueses, um dos povos que muito tem beneficiado da Europa nos planos político, económico, social e cultural, parecem desvalorizá-la. Creio estar na altura de penalizar a abstenção. Quem se abstém não deve poder beneficiar dos projetos europeus. É justo que um abstencionista beneficie de financiamento de fundos europeus ou de programas de mobilidade ou estágio, emprego, etc? Se não lhe interessa o projeto europeu também não deverão interessar-lhe os projetos e os financiamentos. Sei que esta posição pode soar um pouco populista, mas, comparada com os atuais populismos antieuropeus até será muito suave.
2 – Verdes, liberais e extrema direita
Ao longo dos últimos anos tem crescido a campanha antipolítica e anti europa nas televisões e nas redes sociais. Estas, são, como sabemos, altamente manipuladas, dada a sua natureza. Mas as televisões e os jornais não têm desculpa. Têm desenvolvido, ao longo dos últimos anos uma campanha constante para dar visibilidade à extrema direita e às posições anti europa. Em resposta a esta acusação costumam referir que tal se deve ao crescimento destas forças e posições. Mas estas eleições provaram a mentira em que nos têm enredado. É verdade que a extrema direita cresceu, mas, os Liberais Democratas cresceram mais (de 68 para 105 deputados) e também os “Verdes” (de 52 para 69). E quem ouviu falar destes nas televisões durante os últimos meses? Alguém falou de Robert Habeck ou Annalena Baerbock, líderes dos verdes alemães? No entanto fomos bombardeados com Le Pen, Salvini, Vox e companhia. Afinal, Le Pen, ainda que tenha ganho as eleições em França, fê-lo com piores resultados do que tinha obtido em 2014, o que foi convenientemente ignorado na maior parte da comunicação social.
Ainda que a extrema direita tenha crescido tem, na realidade, uma expressão bem inferior à visibilidade mediática que lhe tem sido dada. O campo pró-europeísta na UE continua muito fortemente maioritário e os dois grupos antieuropeus de extrema direita significam menos de 15%!
3 – Órgãos e políticas
A maioria historicamente detida por PPE e socialistas acabou. O resultado dos liberais e dos ambientalistas são verdadeiramente as vitórias eleitorais relevantes e implicam uma reorganização de forças e de políticas no espaço europeu. Isto tem consequências na escolha dos presidentes do Parlamento e da Comissão, que terão de ser negociados agora, pelo menos pelas 4 forças, e não só por duas como anteriormente.
Mas, para além dos cargos, a nova situação não deixará de ter algumas implicações nas políticas europeias. E um maior reforço das políticas ambientalistas não pode deixar de ser considerado positivo num tempo que exige medidas urgentes face às alterações climáticas.
Depois do Brexit, da Le Pen, do Viktor Urban e até do Trump e do Putin, a União Europeia mostra maior resiliência do que se esperava. Apesar de todas as suas insuficiências e dos erros de alguns dos seus líderes, estas eleições mostram que a UE é uma realidade mais resiliente do que tem sido anunciado.
Ainda bem! Porque a UE é, pelo menos por enquanto, o maior e melhor espaço de liberdade e bem-estar social e cultural que existe no mundo atual.

05/06/2019
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
07/11 a 11/01
MemóriasGaleria Municipal de Proença-a-Nova
05/12 a 10/01
10/12 a 05/01
Concurso e PresépiosBiblioteca Municipal José Cardoso Pires, Vila de Rei
tituloNoticia
14/12 a 21/12
17/12 a 19/12
A Dor: Imagens da Palavra Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco
20/12
Os Cavaleiros Templários Pinoteca José Barata de Castilho, Castelo Branco
20/12 a 21/12
Mercado de NatalJardim da Nossa Senhora da Guia, Vila de Rei
tituloNoticia
21/12
Vamos Cantar ao Deus MeninoIgreja Matriz de Alcains
tituloNoticia
21/12 a 28/12
Concertos de NatalVila de Rei e São João do Peso

Gala Troféus Gazeta Atletismo 2024

Castelo Branco nos Açores

Video