CD É APRESENTADO DIA 10 DE MARÇO NO AUDITÓRIO DA ESE
Viva a viola beiroa
Viva é o primeiro CD da Orquestra Viola Beiroa. Um trabalho discográfico editado pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), através do Centro de Investigação em Património, Educação e Cultura (CIPEC) e que é apresentado dia 10 de março, a partir das 21h30, no auditório da Escola Superior de Educação (ESE) de Castelo Branco. Um momento cultura com entrada livre, no qual a assistência, para além de poder presenciar a execução de alguns temas do Viva, também poderá adquirir o CD e assistir a uma conferência em que será explicado como o trabalho foi conseguido.
Miguel Carvalhinho realça que Viva “é mais um documento para fazer a revitalização e a divulgação da viola beiroa a nível nacional e internacional” e acrescenta que resulta de “um trabalho iniciado há sete anos, pela Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa”, para explicar que “não se falava na viola beiroa, mas graças a este projeto, agora já há quatro ou cinco construtores deste instrumento”, concluindo que “a viola beiroa voltou a interessar as pessoas e isso é muito positivo”.
Com base nisto defende que “interessa que as pessoas a continuem a produzir, para que a viola beiroa seja um ícone da região de Castelo Branco, porque da cidade de Castelo Branco já o é”.
Miguel Carvalhinho destaca, por outro lado, o êxito alcançado pela Orquestra Viola Beiroa, que “tem, em média, três concertos por mês” e avança que a finalidade “é contribuir para o interesse das violas de cordas de arame portuguesas” e sublinha que “a viola beiroa já está a ser utilizada por outros grupos”, o que é importante.
No trabalho Viva, que na foto capa tem uma fotografia da autoria de Jolon, captada na década de 60 do século passado, em que se vê uma criança com uma viola beiroa, a produção de estúdio é da responsabilidade de Miguel Carvalhinho, que é também o responsável pelos arranjos e a direção de orquestra. A gravação áudio foi da responsabilidade de Lis Marques e o artwork de Fernando Deghi.
Na voz está Raquel Maria, na voz e viola beiroa, Fernando Garcia; na voz e no beirão, João Paulo Leitão; na voz e beiroíto, Rui Marques; na voz e viola beiroa, Miguel Carvalhinho; com a formação musical a integrara também Bartolomeu Romano, Ramiro Rito, José Antunes, Sérgio Fonseca, Ilda Rodrigues, António Filipe, Julieta Taborda e Carlos Mendes, todos na viola beiroa.
Viva é comporta por 13 temas, dos quais 11 são tradicionais, como é o caso de Ceifeira, Oh Palvarinho, Milho Verde, Oliveira da Serra, Vindimas, Farrapeiras, Alecrim, Colégio Novo, Toutinegra, Fandango Beirão e Senhora do Almortão.
Já o tema Hino da Viola Beiroa é um original da autoria de Fernando Garcia, que é um dos elementos da Orquestra Viola Beiroa.
A isto há ainda a juntar o tema Saudades da Beira, da autoria de Arlindo de Carvalho, e que é o Hino de Castelo Branco.
Miguel Carvalhinho realça que Viva “tem como objetivo principal trazer a viola beiroa para o panorama musical”, mas também reflete “a tendência de, cada vez mais, aproximar a música erudita da tradicional, eliminando um fosso que foi criado pelo Período Romântico e que para mim não faz sentido”.
Acrescenta que este trabalho também teve como finalidade “trazer a viola beiroa para a academia, mais concretamente para a Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) de Castelo Branco, que já tem o Curso de Guitarra Portuguesa e que, no futuro, poderá também ter o Curso de Viola Beiroa”.
Na apresentação do CD, o coordenador e a coordenadora adjunta do CIPEC, Fernando Raposo e Fátima Regina Jorge, recordam que o Centro foi criado no final de 2017, criado “com vista a contribuir para reforçar a identidade territorial e o desenvolvimento social e económico inclusivos e sustentáveis, na linha do preconizado pela UNESCO”.
Assim, “na sequência da atividade que tem vindo a ser desenvolvida no âmbito da linha de investigação genericamente designada por Tradições e expressões orais do Concelho de Castelo Branco, e depois do trabalho aturado de recolha junto das comunidades locais da Região, o CIPEC, em colaboração com a Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa, leva a feito a edição deste primeiro CD que contribuirá para perpetuar a memória dos nossos antepassados, reforçando assim, julgamos nós, a nossa própria identidade cultural”.
Por seu lado, Miguel Carvalhinho, que é também investigador eleito do CIPEC, adianta que com Viva a Orquestra Viola Beiroa “vem mostrar o trabalho musical que tem desenvolvido e partilhado em Portugal e Espanha e, através da Internet, pelo Mundo inteiro. O reportório é constituído por canções de tradição oral da Beira Baixa e por composições de autor, de inspiração tradicional, que incorporam já este importante património musical”.
Considera também que “as vozes vêm colorir a instrumentação cuidada e partilhada por dois outros instrumentos, frutos da investigação e construção na oficina Albiviola da Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa: o beiroíto e o beirão. O primeiro mais agudo, inspirado no cavaquinho; o segundo mais grave, afirmando-se como uma viola de arame barítono. As similitudes tímbricas e a sua forma, baseada na da viola beiroa, tornam estes instrumentos curiosamente familiares”.
António Tavares