Neste ano de 2020 o número de aniversário da Gazeta do Interior acontece num cenário dantesco que poucos de nós julgaríamos um dia viver. Já não são assim tão poucos os anos, trinta e um , que o nosso jornal viveu, uma idade de que muitos órgãos de comunicação, escrita e falada, não se podem gabar. A Gazeta do Interior já atravessou vários períodos que marcam indelevelmente a sua existência. Alguns positivos, como seja o da modernização da cidade que lhe serve de sede, com o programa Polis que em seis anos, de 2000 a 2006, rejuvenesceu a cidade, melhorou a qualidade de vida dos seus habitantes e deu novas oportunidades de acesso à cultura, numa forma de desenvolvimento sustentável. Acompanhou o trabalho de muitos presidentes de câmara do Distrito, que se foram substituindo num processo de sucessão democrática, e fomos registando como, cada um à sua maneira, deixou as suas marcas nos concelhos que geriram. E neste trinta e um anos também viveu momentos dramáticos, alguns que modificaram a forma de viver da população mundial. Recordo o ataque às Torres Gémeas, em setembro de 2001 que mudou para sempre muitas das nossas formas de estar no Mundo, em especial na perceção da segurança. Na Região, acompanhámos o drama dos incêndios que todos os anos se repete, com especial emoção o grande e mortífero incêndio de 2017. A nível nacional, a crise financeira de 2008 e o subsequente resgate que trouxe a troika para Portugal e que resultou num período de grandes sacrifícios para os Portugueses em geral e para alguns setores como o da Comunicação Social em particular e, quando mal ainda se estavam a respirar novos ares de desenvolvimento, acontece a atual crise de saúde pública, uma pandemia que tem efeitos devastadores na saúde e na economia global. A nova peste, que nenhum de nós, como eu escrevia no início, pensaria um dia viver, traz nuvens muito negras sobre a sociedade e a sobrevivência de pessoas e empresas. Neste dia em que temos na mão a edição de um jornal que anuncia mais um ano de existência deste projeto jornalístico, infelizmente nada sabemos sobre o que o futuro nos reserva. Não são tempos de festa, de abrir garrafas de champanhe e abraçar os amigos. Por isso, aqui na Gazeta, continuando atentos ao que aí vem e apesar de tudo otimistas quanto ao comportamento dos seus leitores em particular, dos Portugueses em geral, só podemos desejar que nos ofereçam a melhor prenda deste momento, fiquem em casa leiam aquele livro que já há tanto tempo anda à vossa espera, oiçam música, escolham a informação fidedigna e, finalmente, usufruam plenamente e com todo o tempo do mundo da convivência familiar, que coisa melhor não há.
João Carlos Antunes

Outros Artigos