CHAMAS VARREM CONCELHOS DE PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO E OLEIROS
Fogo deixa rastro de destruição
O incêndio que deflagrou no passado domingo, 13 de setembro, na proximidade de Cunqueiros, no Concelho de Proença-a-Nova, esta terça-feira, 15 de setembro, à hora do fecho da edição da Gazeta do Interior, continuava por dominar, embora, como adiantou o Comandante Operacional do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, “terá cerca de 90 por cento do seu perímetro todo dominado”.
Recorde-se que o alerta para o fogo, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), foi dado às 13h43, mas as chamas depressa ganharam grande dimensão, com Luís Belo Costa a realçar que “nas primeiras duas horas e 40 minutos, queimou quase 2.300 hectares”.
A progressão das chamas foi tão rápida que ainda na tarde de domingo, o fogo, além do Concelho de Proença-a-Nova, progrediu para os concelhos vizinhos de Castelo Branco e Oleiros.
Também domingo, o fogo acabou por ferir cinco bombeiros e destruir uma viatura da Corporação de Proença-a-Nova. No que respeita aos feridos, dois deles foram considerados graves, tendo sofrido queimaduras de segundo grau, pelo que foram transportados pelo helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para o Centro Hospitalar de Coimbra, onde, esta segunda-feira, 14 de setembro, receberam a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Os outros três feridos, ligeiros, foram assistidos no local.
De referir, ainda, que neste incêndio os Bombeiros de Proença-a-Nova perderam outra viatura, pelo que este ano, a corporação Proencense já perdeu três viaturas, se a estas duas se juntar outra que ficou destruída num incêndio registado no passado mês de julho.
O presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, afirma, em comunicado, que “foi um fogo muito rápido na sua progressão devido ao vento e houve, de facto, insuficiência de meios na sua parte inicial, tanto mais que tivemos, por exemplo, a povoação das Fórneas sem carros de combate e a população teve de se unir e fazer um esforço que importa registar para salvaguardar a aldeia. De realçar aqui a importância das faixas de gestão de combustível: as Fórneas, e bem, fez essa faixa e foi exatamente por isso que, com a gravidade de todo o cenário, houve capacidade de contenção do incêndio e depois de combate mais eficaz”.
João Lobo avança que “na progressão deste incêndio foram afetadas as povoações de Cun-queiros, onde começou, Travesso, Herdade, Esfrega, Dáspera, Mó, Alvito da Beira e Fórneas, no fundo toda a zona Norte do Concelho que ainda tínhamos verde. Grande parte dessa área era regeneração dos fogos de 2003, portanto, floresta com 17 anos que agora perdemos. A Dáspera foi a povoação mais afetada, porque o incêndio penetrou no núcleo da aldeia, sem com isso criar danos em casas de habitação, também muito por influência da sua população e da sua atitude, que depois teve o apoio de bombeiros durante a noite”.
O autarca destacou ainda que “na manhã desta segunda-feira, 14 de setembro, já há equipas do Município a fazer um primeiro levantamento quanto aos danos e as necessidades das populações relativamente quer à parte agropecuária, quer aos danos causados nas infraestruturas, para tentar perceber o tamanho desta que já é uma tragédia porque é uma área imensa de devastação, continuando nós com um problema que é a gestão florestal e a continuidade, ao longo dos anos, dos ciclos de fogo que vão dizimando a capacidade de gerar riqueza através da floresta e dos seus ativos”.
O incêndio entrou no Concelho de Castelo Branco na zona da Lisga, na Freguesia de Sarzedas. A Lisga foi, de resto, uma das localidades mais ameaçadas pelas chamas, o que levou inclusive à retirada da população que, no entanto, na madrugada de segunda-feira pode regressar.
O Concelho de Oleiros também foi muito afetado pelo incêndio, o que obrigou à retirada da população de várias localidades.
O fogo, que chegou a ter três frentes, com cerca de 60 quilómetros de perímetro, e envolveu a presença no terreno de mais de mil operacionais, apoiados por centenas de viaturas e quase 20 meios aéreos, segundo foi avançado, até à manhã desta terça-feira, 15 de setembro, já tinha consumido cerca de 15 mil hectares. Um rasto de destruição que reduziu a cinzas mato e floresta, principalmente pinhal bravo, mas também culturas, provocando ainda a morte de vários animais. As chamas destruíram também alguns barracões e anexos, havendo a salientar que nenhuma casa de primeira habitação foi afetada.
António Tavares