João Belém
EMPATIA
O cérebro emocional responde a um evento com muito mais rapidez
do que o cérebro racional.
Daniel Goleman
A palavra “atenção” vem do latim attendere, que significa “voltar-se para algo”. Tem tudo a ver com a maneira de abordar os outros, que é o fundamento da empatia e da habilidade de construir relações sociais – o segundo e o terceiro pilares da inteligência emocional (o primeiro é a autoconsciência).
É muito comum falarmos de empatia como um atributo único. Mas, se examinarmos mais pormenorizadamente o que se evidencia quando se pratica, vamos encontrar três diferentes tipos de empatia, todos importantes para uma liderança eficiente:
- Empatia cognitiva: a habilidade de entender o ponto de vista de outra pessoa.
- Empatia emocional: a habilidade de sentir o que outra pessoa sente.
- Interesse empático: a habilidade de perceber o que outra pessoa quer de nós.
Analisemos então:
A empatia cognitiva permite que os líderes se expliquem de forma a serem compreendidos – uma habilidade essencial para conseguir o melhor desempenho dos seus colaboradores diretos. Ao contrário do que se possa imaginar, ao exercerem a empatia cognitiva, os líderes devem pensar nos sentimentos, em vez de senti-los diretamente.
Uma natureza questionadora alimenta a empatia cognitiva.
A empatia emocional é importante para uma gestão eficiente, para administrar clientes e entender as dinâmicas dos grupos. Como afirma Tania Singer, diretora do departamento de neurociência social no Instituto Max Planck para a Ciência da Cognição e do Cérebro Humanos, em Leipzig, na Alemanha: “Você precisa entender os próprios sentimentos para então entender os sentimentos dos outros.”
O interesse empático, bastante relacionado com a empatia emocional, permite perceber não apenas como as pessoas se sentem, mas também o que elas querem de nós. É o que desejamos encontrar no nosso médico, no nosso cônjuge – e a nível profissional no nosso chefe.
Mas o interesse empático é um sentimento de dois gumes. Intuitivamente experimentamos o sofrimento do outro como nosso.
Adequar esse misto de intuição e deliberação traz profundas consequências. Nas profissões de assistência ao próximo, isso pode levar à fadiga por compaixão; em executivos, pode gerar sentimentos perturbadores de ansiedade sobre as pessoas e circunstâncias que não se podem controlar. No entanto, aqueles que se protegem anestesiando seus sentimentos correm o risco de perder o contacto com a empatia. O interesse empático requer que saibamos administrar o nosso sofrimento sem ignorar a dor do outro.
Conter nosso impulso de sermos empáticos com os sentimentos de outras pessoas pode ajudar-nos a tomar decisões melhores quando a torrente emocional de alguém ameaça ultrapassar-nos.
Normalmente, quando vemos alguém espetar com um alfinete, nosso cérebro emite um sinal indicando que nosso centro de dor está ecoando esse sofrimento. Mas os médicos aprendem na faculdade a bloquear até mesmo essas respostas automáticas. É isso que acontece no seu cérebro quando você se distancia dos outros a fim de se manter calmo e ajudá-los. A mesma rede neural entra em ação quando vemos um problema num ambiente com emoções em ebulição e precisamos nos concentrar em procurar uma saída.
Se conversamos com alguém que está chateado, esse sistema ajuda-nos a entender racionalmente o ponto de vista dessa pessoa mudando da empatia emocional (de coração para coração) para a empatia cognitiva (de razão para coração).
De referir alguns estudos laboratoriais que sugerem que a aplicação adequada do interesse empático é essencial para fazer julgamentos morais.
Resumindo:
Apesar de suas limitações, a empatia é essencial no trabalho. Conversar com as pessoas – perguntar como elas se sentem, o que querem e o que pensam – pode parecer simplista, porém é necessário. Também exige menos dos funcionários, porque envolve reunir informações reais em vez de especular incessantemente. É uma maneira mais inteligente de ter empatia.