António Tavares
Editorial
O combate à pandemia de COVID-19 é uma prioridade. Desde logo, por motivos de saúde, mas, também, por outros, entre os quais se inclui, com destaque, a vertente económica.
É igualmente inegável que este combate tem sido exemplar, desde a grave situação vivida no início deste ano e os resultados estão à vista, com os louros a caberem a quem está na linha da frente, como é o caso dos profissionais, mas também a muitos outros. Para quem tinha dúvidas, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), apesar de todas as dificuldades que o afetam, tem estado à altura deste desafio colossal que tem sido a luta contra o novo coronavírus.
Mas, e há sempre um mas, se a resposta no combate à pandemia é exemplar e motivo de orgulho e de elogios, não é menos verdade que para além do COVID-19 a saúde tem sido esquecida. É público e notório que milhares de consultas, de exames, de intervenções cirúrgicas ficaram para trás. Algo que era compreensível há uns meses atrás, mas que, agora, já não o é.
Exemplo disso é que marcar uma simples consulta é uma epopeia de dimensão hercúlea, para já não falar no interrogatório, quase intimidativo, com que quem se atreve a dar esse passo se vê confrontado.
Por isso é bom que essa situação se altere e a pandemia deixe de servir de desculpa para tudo, porque é garantido que a manter-se esta postura, não demorará muito para que tenhamos outra pandemia, transversal a toda a área da saúde, porque quando ainda era tempo de diagnosticar precocemente e tratar doenças isso não aconteceu e, por vezes, o caminho de não retorno é a triste realidade.