João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
A HISTÓRIA COM FINAL FELIZ DE NOAH, ocupou por vários dias as primeiras páginas dos jornais e a abertura dos serviços noticiosos das várias televisões. Uma criança de dois anos e meio, robusta e feliz, que vive com seus pais e irmã, uma família que por opção de vida deixara a cidade para viver próximo da natureza, numa casa rural dos campos de Proença-a-Velha, consegue a proeza de resistir até à exaustão, perdido entre floresta e mato durante 36 horas. Na aflição da família, a busca solidária dos vizinhos a par da persistência da GNR, foi o bálsamo que fez o milagre. Mas ainda mal o Noah repousava a sua aventura nos braços dos pais e já em alguns canais televisivos, especialistas e comentadores de pacotilha pediam punição aos pais, intervenção da Comissão de Menores, talvez sugerindo a retirada da tutela da criança e a sua institucionalização, estas intervenções que foram o rastilho para a matilha ululante das redes sociais de justicialistas e indignados militantes. Não conseguem ver o Mundo para além da vida citadina onde se movem, nem compreendem porque nunca vivenciaram, como o crescer no campo torna as crianças mais ágeis, autónomas e aventureiras. Esta liberdade que desde muito jovem se conquista, enfrenta obviamente alguns perigos que, acredito, os pais de Noah terão sempre presente, até pela forma de vida alternativa que escolheram seguir nas terras de Idanha. Felizmente que neste caso tudo acabou em bem. Devo destacar aqui a muito sensata e equilibrada intervenção de Eugénia André, diretora clínica do Hospital Amato Lusitano, onde durante alguns dias o pequeno foi alvo de todos os cuidados. Ela lembrou que a criança tem um ótimo relacionamento familiar e que um incidente como o que envolveu Noah poderia ter acontecido com qualquer pai e que por isso mesmo não se deve daqui retirar qualquer juízo de valor, pedindo também à Comunicação Social respeito pela privacidade da criança e da sua família. A terminar, diria que este espírito aventureiro e irreverente de Noah deve ser herança do seu bisavô, Nuno Bragança, um dos grandes escritores Portugueses do Século XX. Depois de refeito do susto, ele iria decerto sentir orgulho de Noah, seu jovem descendente.