António Tavares
Editorial
Eugénio de Andrade viveu por algum tempo em Castelo Branco, Por isso, no seu livro Escrita da Terra publicou o poema Castelo Branco, que começa assim: “Com o sopro da manhã e o aroma/das das frésias eu sonhava longamente”.
Tudo isto vem a propósito de Castelo Branco e desse sentido que é o olfato. No caso do poema, do perfume das frésias que Eugénio de Andrade apreciava na sua casa, na Rua dos Chões.
Uma fragrância, diga-se, bem diferente daquela que por estes dias se sente em Castelo Branco. A exemplo do que tem acontecido nos últimos anos, com o verão a cidade é brindada com um cheiro pestilento, mais parecendo que se está no meio de uma lixeira ou de um esgoto a céu aberto.
Com as noites quentes que caracterizam Castelo Branco, um passeio, quando as temperaturas estão mais baixas, é sempre agradável, não fosse o malfadado perfume, que toma conta dos narizes, mesmo dos menos sensíveis. Um perfume a que não é possível escapar, nem em casa, pois basta abrir as janelas ou as varandas por breves instantes, para fazer circular o ar, e o odor entra e entranhasse.
A causa, ao que tudo indica, está identificada, pelo que a questão que se coloca, é se não será possível fazer nada para a combater, porque os Albicastrenses não merecem este castigo. Nem a cidade, porque quem por cá passa num destes dias, certamente não ficará com muita vontade de regressar.