João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
A ENTREVISTA QUE ANTÓNIO COSTA deu ao Expresso da semana passada foi, a vários títulos interessante. Foi uma espécie de aquecimento para o Congresso que se haveria de realizar uma semana depois. Claramente que António Costa se sente confortável na pele de Primeiro Ministro, num momento histórico como o que atravessamos, enfrentando uma pandemia como não havia há um século. Mas enfrentando também um desafio que se presume lhe seja estimulante de poder transformar Portugal num país com estruturas modernas e renovadas utilizando a ferramenta que a Comunidade Europeia lhe colocou nas mãos. Na entrevista ao Expresso, como no Congresso, António Costa tudo fez para trazer para o seu lado os partidos da esquerda, indo ao encontro de algumas das suas propostas, nomeadamente maior investimento na educação, na saúde e na reformulação dos escalões do IRS, que a acontecer vai trazer para as classes médias algum conforto na algibeira. E anunciou que já há negociações com o BE e o PCP para fazer passar o próximo Orçamento do Estado e afastar assim qualquer hipótese de crise política. Também falou de tabus que ao afirmar não haver, o torna vivo. O tabu sobre a sua recandidatura em 2023, apesar de o negar, vai entrar na ordem do dia. Creio que pouca gente acredita que ele esteja motivado para um novo mandato. A provar que alguma coisa mexe, tivemos a originalidade de no Congresso terem feito sentar numa mesma mesa os quatro possíveis candidatos à sucessão. Com o picante de um deles, Pedro Nuno Santos, se ter ostensivamente afastado do ato encenado, ele que é de todos, o candidato menos preferido de António Costa. Mesmo que Fernando Medina ganhe Lisboa de forma folgada, como as mais recentes sondagens sugerem, parece que a aposta de Costa vai para uma sucessão feminina. E na equação entra Mariana Vieira da Silva que nos últimos dias foi notícia por ter ocupado a liderança do Governo durante o período de férias do Primeiro Ministro (a terceira mulher até hoje a ocupar tal cargo, algo que não deveria ser nos tempos que correm motivo de notícia) e a nova militante socialista Marta Temido que, por muito que custe a tantos comentadores e jornais de direita, é um dos membros mais popular do governo socialista.
NA SEXTA-FEIRA PASSADA, o serviço público de televisão, RTP3, promoveu um debate entre os sete candidatos à Câmara de Castelo Branco. Foi um debate morno, e razoavelmente civilizado, descontando algumas picardias do candidato do Chega, nada que desse para fazer aquecer o ambiente. Com sete candidatos, é natural que pouco tempo cada um deles tivesse para aprofundar as ideias e as propostas de governação para o Concelho. Esperemos que mesmo assim tenha contribuído para que o eleitor comum venha a tomar aquela que considere de forma consciente a melhor opção de voto. Mas do debate saíram alguns dados interessantes nomeadamente a linha vermelha que o candidato socialista, Leopoldo Rodrigues, diz ter traçado e que exclui Luís Correia da hipótese de coligação pós-eleitoral, no caso de não haver, como se prevê, qualquer maioria absoluta. É assim muito provável que João Belém (PSD) venha a ter um papel decisivo na formação do próximo executivo camarário.