Edição nº 1721 - 22 de dezembro de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

É TEMA OBRIGATÓRIO em qualquer encontro de amigos, o Covid, o maldito Covid. E o que se sente é todo um sentimento de cansaço e alguma descrença no futuro, derivado da montanha russa em que se tem vivido desde há dois anos, dois longos anos que, muitos temem, se irão prolongar por outros tantos. Quando parecia que a guerra estava quase ganha, eis que vem uma nova variante, muito mais contagiosa, que não respeita os já vacinados, ainda que não pareça tão mórbida. E a sensação que se tem é que esta Ómicron não será a última. E que as mutações geradas entre os povos mais pobres, nomeadamente os africanos, que o egoísmo dos países ricos, já a providenciar uma quarta dose aos seus cidadãos, deixa à míngua de vacinas. Parecem esquecer que num mundo global como é hoje aquele em que vivemos, não é possível criar bolhas de proteção que nos livre dos contágios. Será que não se aprende nada com o comportamento da variante Ómicron? Apesar da corrida ao fecho de fronteiras, está prestes por estes dias a tornar-se dominante em Portugal como já é na Europa. E segundo os especialistas, por mais uma semana ou duas terá entre nós uma prevalência de 80 por cento. Este comportamento dos países europeus, como o que levou à suspensão de voos comerciais para Moçambique, foi contestado por intelectuais como José Eduardo Agualusa e Mia Couto, que o comparou mesmo a um novo apartheid. Felizmente que o bom senso do governo levou a que rapidamente a injustiça fosse revertida e os voos retomados. Houve muito boa gente que considerou que esta política poderia causar futuramente situações muito graves. Seria tentador para algum governo, para fugir ao isolamento e ao fecho de fronteiras esconder o surgimento de qualquer nova variante. Quando cada dia se esperam por novas medidas restritivas para enfrentar as novas ameaças, e no dia em que escrevo anuncia-se já um Conselho de Ministros extraordinário, há já quem duvide da eficácia da vacinação. Uma dúvida injustificável porque se não é tão eficaz no combate à transmissão do vírus, não há duvidas que diminui a perigosidade. Basta comparar com o que se passava há um ano, hoje com maior número de infetados, também consequência do enorme número de testes que diariamente detetam muitas situações assintomáticas, temos um terço de doentes internados em enfermarias e em cuidados intensivos, bem como um sexto do número de mortes que ocorriam há um ano. E os especialistas não têm dúvida que por trás destes números está a nossa excelente taxa de vacinação, uma das maiores do mundo. E a pergunta que vale um milhão, e a que qualquer cientista gostaria de poder responder: até quando?
Mas uma certeza todos têm. É a de que estamos mesmo nas vésperas de Natal, a festa da família. E dos amigos, família alargada. Mais um ano a não poder ser vivido em toda a plenitude, o que não impede que deseje a todos os leitores e amigos da Gazeta umas festas felizes e com saúde.

22/12/2021
 

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