António Tavares
Editorial
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), como é percetível mesmo para o cidadão mais desatento, está a passar uma grave situação. De facto o SNS está doente, ao que tudo indica, com uma doença grave e crónica, que pode levar ao estado de coma.
Os problemas começam logo nos cuidados básicos de saúde. E há casos que são inexplicáveis. Imagine, que há longos meses que tenta marcar uma consulta com o seu médico de família. Uma aventura. Primeiro, porque havia a pandemia, que serve de desculpa para tudo, e marcar consultas era missão impossível. Agora, que a situação está mais tranquila, as dificuldades mantêm-se. Telefonar para um centro de saúde é uma prova de paciência. Imagine que à 25ª tentativa consegue, mas logo lhe dizem que é preciso justificar o motivo da consulta e que, depois, o médico logo responderá se pode ou não ter direito a um serviço que é devido a todos. Passam-se os dias, as semanas e resposta nem sinal dela, no mais profundo desprezo pelos utentes. Isto, quando as regras da boa educação exigem que pelo menos haja uma resposta. Mas, com os médicos, tal como com todas as profissões, há os bons e os menos bons, ou maus. Felizmente que os bons dominam e para o sistema funcionar inclusive prejudicam a sua vida pessoal. Mas depois há os outros, e os utentes só têm duas opções. Ou têm meios financeiros e vão ao particular, ou recorrem às urgências hospitalares, muitas vezes sem se tratarem de verdadeiras urgências, o que não é indicado e que causa problemas em locais que se destinam a situações emergentes.
Nota: Esta é uma situação real, na qual apenas não são identificados os intervenientes!