Edição nº 1768 - 23 de novembro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A TOMADA DE KHERSON pelo exército ucraniano, oito meses após ter sido ocupada pelas tropas russas, talvez venha a ser um dos momentos chave que poderá marcar um passo importante no caminho do fim da guerra. Ainda que Zelenski tenha dado um incompreensível passo em falso ao insistir que o míssil que caiu na Polónia não é ucraniano, quando foi desde logo evidente ter sido um acidente que resultou da legítima ação de defesa antiaérea ucraniana. Uma atitude que não caiu bem nos aliados e que lança a dúvida na opinião pública sobre a veracidade de todos os relatos oficiais de guerra. Apesar deste passo atrás, a humilhação das tropas invasoras eventualmente trará várias consequências no Kremlin, onde Putin se mostra cada vez mais desconfortável. Se tal fosse necessário, as manifestações de alegria, de euforia, que marcaram a chegada dos soldados libertadores, têm de emocionar qualquer um que veja a guerra que ali se trava muito para além do confronto de blocos geopolíticos, como se de um jogo de xadrez se tratasse. O reencontro de uma avó com o neto feito soldado, as milhares de bandeiras ucranianas que por milagre logo apareceram, a idosa que levanta uma laje do seu jardim onde tinha escondida a bandeira ucraniana… A população de Kherson que resistiu de todas as maneiras à ocupação russa, é exemplo de resiliência, igual à que a grande maioria do povo ucraniano mostra. As centenas de mísseis e drones suicidas, que em forma de retaliação todos os dias chovem sobre as cidades, que matam e destroem infraestruturas essenciais no longo e duro inverno que já chegou, para lhes quebrar a coragem pelo frio que poderá matar mais que a bomba que cai do céu. Putin que assumiu ainda há pouco tempo ter o povo ucraniano no coração, parece sofrer daquele amor possessivo que dá tantas vezes em morte. Se não és meu, então não serás de mais ninguém…

COMEÇOU DOMINGO no Catar o Mundial de Futebol, talvez o mais polémico dos Mundiais de que me lembro. Todos sabemos porquê, por se realizar num país onde os direitos das mulheres são espezinhados, onde a homossexualidade dá prisão, onde se sabe como os estádios foram construídos com mão de obra migrante, muitas vezes em regime de quase escravatura e sem respeito pelas regras básicas de segurança, de que resultaram mais de seis mil mortos. E passando pela acusação de como a atribuição pela FIFA da organização do Mundial ao Catar esteve envolvido em graves suspeitas de corrupção, as acusações de violação dos direitos humanos são de tal forma graves que os líderes de parte importante dos países europeus decidiram não estar presentes no maior evento futebolista. Portugal seguiu outro caminho. Os três principais nomes da autoridade política nacional vão estar presentes, para já na fase de grupos. Sem que se duvide das suas posições contra a discriminação e contra a violação dos direitos humanos. Como dizia um popular numa das intermináveis tardes televisivas que acontecem por estes dias, o tempo das críticas teria sido o momento da atribuição da organização ao Catar. Agora é tempo de bola. Ou como disse Marcelo, sabemos que Catar não respeita os direitos humanos, mas deixemos isso agora. Façamos então uns parênteses e deixemos que Portugal ganhe o Mundial.

23/11/2022
 

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