Edição nº 1842 - 1 de maio de 2024

Valter Lemos
O 25 DE ABRIL E O FCPORTO

Suscita pelo menos um sorriso que as eleições do FCPorto tenham ocorrido imediatamente após o 50º aniversário do 25 de Abril.
Também no Porto a liderança era incontestada há mais de quarenta anos. Também no Porto o presidente tinha um poder quase absoluto. Também no Porto dominava o culto da personalidade. Também no Porto muitos se sentiam acima da lei. Também no Porto se defendia uma doutrina de “nós” contra “todos os outros”. Também no Porto se cultivava o ódio à dissidência. Também no Porto havia uma guarda pretoriana. Também no Porto tudo estava bem até ao dia em que tudo ruiu.
Só que no Porto não foi uma queda da cadeira, nem uma guerra colonial que provocaram a queda do homem mito, da sua entourage e da religião imposta. Foram eleições livres. Decentes.
Os portistas mostraram que o FCPorto não era o Pinto da Costa, tal como os portugueses haviam mostrado que Portugal não era Salazar. Os portistas honraram a tradição portuense de combate à tirania. Desta vez não se deixaram enganar pela religião imposta que põe o homem no lugar da instituição, para que os que criticam o homem possam ser acusados de estar contra a instituição.
Os portistas, como os portugueses, perante a oportunidade, agiram. Perceberam que o passado não determina o futuro. Somente estabelece condições e oportunidades e são as pessoas que têm de fazer as escolhas. O passado lá fica, mas as pessoas e as sociedades seguem em frente. Cada um constrói e desconstrói as suas visões do passado, mas segue. Os que ficam no passado morrem mais cedo para o mundo e para a vida.
Por isso, é sempre justo dizer viva o 25 de Abril, mas, desta vez, também é justo dizer, mesmo os que não são portistas, viva o Porto e viva o FCP.
E isso é independente do que o futuro se revelar. A mudança limita-se a abrir novas oportunidades e novos caminhos. São depois as pessoas que percorrem esses caminhos e usam essas oportunidades.
Com o 25 de Abril o caminho percorrido revelou-se melhor para a vida dos portugueses. Com angústias e muitas desilusões e fracassos, mas o saldo é imensamente positivo. Na liberdade, na educação, na saúde, na segurança social, na qualidade de vida, na cultura, em tudo. O miserável país de Salazar desapareceu!
Também no FCPorto se abrem agora novos caminhos e novas oportunidades. Os resultados ainda não sabemos. Não faltarão os derrotados da vida a dizer que vai ser pior, que não ganharão tanto como já ganharam, que homem milagreiro como aquele não voltará a haver, etc., etc. Não faltarão os que lá ficam no passado e recusarão o futuro, qualquer que ele seja. Mas esses nada contribuirão para o futuro. Morrem cedo para a realidade e a vida e às vezes ainda querem matar os outros que se recusam a ficar no passado e querem viver ativamente o futuro.

01/05/2024
 

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