Edição nº 1872 - 4 de dezembro de 2024

Valter Lemos
JÁ CHEIRA A GUERRA MUNDIAL…

Recentemente a Noruega, a Suécia e a Finlândia começaram a distribuir panfletos à população sobre como reagir “se a crise ou a guerra vier”. No Reino Unido o chefe do estado maior do exército avisou os responsáveis políticos que devem mobilizar a nação para se preparar para uma guerra com a Rússia. Na Alemanha o ministro da defesa Boris Pistorius diz que a Alemanha deve acelerar o desenvolvimento das suas capacidades militares e está em curso um plano de mapeamento de estações de metro e comboio, parques de estacionamento e edifícios públicos para usar como bunkers pela população em caso de guerra.
Putin alargou claramente o âmbito do conflito ao incluir os soldados norte-coreanos, em grande número, no teatro de guerra, dando início ao que parece ser uma espécie de novo “bloco militar” de oposição à Nato.
Tudo isto parecem ser sinais de preparação para a guerra.
Na verdade, a agitação política e militar que se vive na Europa e no médio-oriente tem vindo a crescer constantemente e não parece dar sinais de esvaziamento. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia que a tão glosada “escalada militar” tem vindo a acontecer. Os russos não recuam no seu intento de aniquilar a Ucrânia e a Europa e os EUA têm vindo a envolver-se cada vez mais escalando a resposta à agressão. Putin ameaça dizendo que quem ajudar a Ucrânia também será atacado e aprova legislação para alargar o uso de armas nucleares.
No Médio-oriente o belicismo de Israel e do Irão e seus aliados parece inesgotável e o envolvimento da Rússia e dos EUA é cada vez mais intenso. Dir-se-á que foi alcançado um cessar-fogo no Líbano, mas logo Netanyahu veio dizer que Israel pode agora “concentrar-se na ameaça iraniana”. Um novo ataque do Irão a Israel que consequências poderá trazer? Necessariamente outro passo na escalada bélica. Mas, mesmo que no Líbano haja um aquietamento, a Síria mostra já nova agitação, com a Rússia a intervir e a bombardear Alepo. E a Síria faz fronteira com o Líbano e Israel já quebrou a cessar-fogo bombardeando o Hezbollah, porque este estaria a passar armas da Síria para o Líbano.
Mas, para além destas guerras declaradas outras parecem estar a eclodir ou mesmo já estão a acontecer. O caso de Taiwan gera cada vez mais preocupações, com a China a realizar exercícios militares simulando um cenário de guerra e deixando Taiwan completamente isolada do mundo.
Por outro lado, vamos tendo notícias de acontecimentos que alguns políticos e especialistas associam a uma “guerra híbrida” que já estará a ter lugar entre o ocidente e a Rússia e os seus aliados. Cortes de cabos submarinos no mar Báltico, drones a sobrevoar bases americanas no Reino Unido, queda de avião na Lituânia, interferência nos comboios da Chéquia são exemplos de acontecimentos que serão já episódios dessa “guerra híbrida”. O chefe dos serviços secretos britânicos fala numa rede de sabotagem para semear a instabilidade na Europa e criar o caos.
Mas, como irão desenvolver-se estes acontecimentos em 2025? Não parece que a Rússia tenha capacidade para desenvolver uma guerra convencional com a Nato. Mesmo com o apoio da Coreia do Norte. Significaria abrir uma frente de combate ao longo de toda a sua fronteira e isso parece impossível de sustentar. Em termos imediatos também não parece provável que Putin possa fazer o “movimento fatal” que seria o uso de armamento nuclear. O próprio Putin já disse que o medo do extermínio mútuo sempre conteve os atores internacionais e travou as potências militares. Afinal, como dizia a canção de Sting, os russos, como os outros, acrescentamos nós, também amam os seus filhos.
Mas a escalada da guerra, quer nos palcos geográficos em que está a ocorrer, quer na dimensão cibernética, vai continuar. E isso provoca a incerteza sobre o efeito dos passos seguintes. O fim que todos tememos não parece provável, mas, afinal, também vai parecendo, cada vez menos improvável.

04/12/2024
 

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