Edição nº 1884 - 26 de fevereiro de 2025

João Belém
O TEMPO QUE TEMOS …..

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
José Saramago

O tempo, essa entidade invisível e incontrolável, é uma das poucas constantes universais que atravessa culturas, eras e experiências individuais. A frase “o tempo é a única coisa que verdadeiramente temos” carrega uma verdade profunda sobre a natureza da existência humana. Num mundo onde as posses materiais, o status social e até mesmo relacionamentos podem ser passageiros, o tempo é o único recurso que, uma vez concedido, não pode ser recuperado ou substituído.
Diferente dos bens materiais, o tempo não pode ser armazenado, comprado ou vendido. Cada segundo que passa é um pedaço da nossa existência que desaparece para nunca mais voltar. Esta característica efémera do tempo torna-o extremamente valioso. Ele é democrático: todos, ricos ou pobres, jovens ou velhos, recebem as mesmas 24 horas por dia. No entanto, o modo como cada indivíduo escolhe utilizar esse tempo define o valor que ele adquire nas suas vidas.
A conexão entre o tempo e a nossa própria identidade é inegável. Somos moldados pelas experiências que vivemos ao longo dos anos, pelas decisões que tomamos e pelos momentos que escolhemos priorizar. O tempo não é apenas um marcador da passagem dos dias, mas sim o tecido que constrói as nossas memórias, realizações e arrependimentos. Neste sentido, o tempo não é apenas algo que temos; ele é o que somos.
Muitas vezes, vivemos sob a ilusão de que controlamos o nosso tempo. Criamos agendas, estabelecemos metas e planejamos o futuro como se tivéssemos domínio sobre cada segundo que ainda está por vir. No entanto, o tempo é imprevisível. Eventos inesperados, como doenças, perdas ou mudanças abruptas na vida, lembram-nos da fragilidade dessa ilusão. Essa incerteza pode ser assustadora, mas também nos convida a valorizar o presente, o único momento que realmente está ao nosso alcance.
A consciência de que o tempo é finito impulsiona-nos a dar mais importância ao agora. Muitas filosofias e tradições espirituais, como o budismo e o estoicismo, enfatizam a importância de viver o momento presente. Afinal, o passado é uma memória e o futuro, uma expectativa. O presente é o único espaço onde podemos agir, sentir e ser. Desperdiçar esse tempo com preocupações excessivas, rancores ou tarefas sem significado é, em última análise, desperdiçar a própria vida.
Para concluir não resisto a transcrever uma reflexão de Dalai Lama, na sua obra ‘The Art of Happiness’
“Precisamos de refletir no que é realmente de valor na vida, o que dá sentido às nossas vidas, e definir as nossas prioridades com base nisso. O propósito da nossa vida precisa de ser positivo. Nós não nascemos com o propósito de causar problemas, prejudicando outros. Para que a nossa vida seja de valor, acho que devemos desenvolver boas qualidades humanas básicas - o calor, a bondade, a compaixão. Então, a nossa vida torna-se significativa e mais pacífica, mais feliz.”

26/02/2025
 

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