51 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
Os perigos para a democracia conquistada com o 25 de Abril
Os 51 anos do 25 de Abril de 1974 foram assinalados em Castelo Branco com uma sessão da Assembleia Municipal que, para além das habituais intervenções partidárias, contou com a exibição do filme AMCB 7-13-49-630 e a homenagem aos presidentes deste órgão desde 1976, nomeadamente a Manuel João Vieira, João Matos Ferreira Romãozinho, Fernando Barata Rocha, Vergílio Pinto de Andrade, Valter Lemos, Arnaldo Brás e Jorge Neves.
Na abertura da sessão o presidente da Assembleia Municipal, Jorge Neves, afirmou que “51 anos depois do 25 de Abril de 1974 continuamos a reconhecer a extraordinária importância do 25 de Abril” e garantiu que “a Revolução dos Cravos é um marco significativo da conquista da liberdade dos Portugueses e de Portugal”.
Jorge Neves sublinhou que o 25 de Abril “é um importante acontecimento histórico, com símbolos, como o cravo vermelho, o V da vitória e o tema musical Grândola Vila Morena, que continuam, ainda hoje, a invocar liberdade e democracia”.
Defendeu também que “honrar os antepassados é uma forma de construir o futuro”, bem como que “a gratidão com os atos é uma ponte que nos conecta ao passado”, destacando a importância de “valorizar o trabalho de quem veio antes de nós”.
Ernesto candeias Martins, do MPT, por seu lado, referiu-se ao “ímpeto transformador assente numa Constituição”, dando destaque “ao poder local e ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), que permitiram o avanço do País”.
Frisou igualmente que “a nossa Constituição inspira-nos a ir mais longe, na defesa dos direitos humanos, da igualdade entre todas as pessoas”, para reforçar que “o 25 de Abril é um dos momentos mais altos dos Portugueses e de Portugal”. Tudo, para avançar que “os progressos da democracia local são inegáveis, com todos os passos importantes que tinha que dar, com diversos desafios”, dando como exemplo a desertificação.
Já Maria da Conceição Pereira, do Chega, começou por afirmar que o 25 de Abril “é uma das datas mais marcantes da nossa história coletiva. O 25 de Abril deu-nos liberdade, mas também nos deu que liberdade existe responsabilidade”.
Numa intervenção que depois foi lida por uma colega de bancada, devido a um imprevisto, foi referida a importância de “também lembrar o 25 de Novembro, porque foi nesse dia que a liberdade esteve à beira do abismo”, para mais à frente ser avançado que “a liberdade não é da esquerda, nem da direita. É de todos”.
Mais à frente foi sublinhado que “a Revolução dos Cravos foi um feito extraordinário, por ser feita com pouco sangue e muito simbolismo”.
A intervenção focou-se de seguida “no hoje, com um problema sério que é a imigração desmedida”, para ser garantido que este não era o futuro com que todos sonharam em 1974”, pelo que “é tempo de proteger Abril das ameaças do passado e dos erros do presente”.
Pela coligação do Partido Social Democrata/Centro Democrático Social – Partido Popular/Partido Popular Monárquico (PSD/CDS-PP/PPM), Miguel Barroso afirmou que “a madrugada do dia 25 de Abril permitiu reencontrarmo-nos com a nossa história e o nosso futuro” e lembrando os militares que estiveram no terreno, assegurou que “a eles devemos o gesto de coragem que devolveu Portugal à democracia. Democracia que é imperfeita, porque é uma obra em permanente construção”.
Miguel Barroso denunciou que “há quem se tente aproveitar da fragilidade da democracia”, apontando, por exemplo, para “os extremismos e para o populismo”, vincando que “há até quem associa 51 anos de democracia a 51 anos de corrupção”, para garantir que “quem nos promete soluções fáceis, só nos quer enganar”.
Para Miguel Barroso “é essencial que os partidos saibam interpretar o País real” e no plano local defendeu que “Castelo Branco também precisa de uma revolução feita pelas pessoas, para as pessoas”.
Maria do Carmo Nunes, do SEMPRE – Movimento Independente, afirmou que “celebrar o 25 de Abril é uma honra, um dever, uma responsabilidade de todos nós”, sendo que “ todos devemos agradecer o facto de estarmos a revelar a nossa opinião, sem medo de represálias”.
Alertou que “Portugal tornou-se um país democrático, mas nada está garantido”, para mais à frente se referir a problemas como “a desconfiança das instituições, a perceção de corrupção, o desinteresse dos jovens pela política”, para rematar que “o aumento da radicalização compromete a democracia”.
Por isso frisa que “a democracia é resiliente, mas exige participação ativa”, não esquecendo que “ao celebrar o 25 de Abril, também celebramos o poder local, que é uma das maiores realizações do 25 de Abril”.
Também para Carla Massano, do Partido Socialista (PS), “o 25 de Abril é um marco incontornável da nossa história”, para avançar que “se a liberdade foi conquistada, tem de ser reafirmada em cada geração, porque não é um dado adquirido”, apontando para riscos como “a desinformação, os extremismos e os populismos”, com a certeza que “hoje, mais do que nunca, a liberdade está sob ataque”, de onde resulta que “hoje, mais do que nunca há que proteger Abril, não como uma memória, mas como uma prática viva. O espírito de Abril convoca-nos mais do que nunca, para defender o legado de Abril”.
Por seu lado, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, avançou que “assinalamos hoje a coragem de um povo que ousou sair da penumbra”, mas considerando igualmente que “51 anos são motivo de comemoração, mas também de perigos inerentes à passagem do tempo”, sendo que “em democracia, o risco que corremos é que ocorra o oposto”.
Leopoldo Rodrigues sublinhou, por outro lado, que “passados 51 anos temos muitos problemas antigos que não conseguimos resolver e problemas novos”, para se centrar nas “melhorias”, ao evidenciar que “estamos mais perto da Europa do que estávamos há 51 anos”.
António Tavares