Edição nº 1910 - 3 de setembro de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

DURANTE ALGUNS ANOS fiz férias na Galiza, onde encontrava o fresco, as gentes hospitaleiras e a boa gastronomia. Em qualquer esplanada, junto com a cerveja vinha sempre um prato de pimentos de Padrón, que têm o nome de um lugar galego e são famosos e apreciados porque alguns são picantes, e outros não, que os torna tão únicos. E é a razão da popular expressão: “ pimientos de padrón, uns picam e outros non”. Quando se trinca um dos picantes, o fogo só apazigua com uns bons golos de cerveja. Tem graça, tem suspense e a reação é sempre motivo de risota entre os amigos. Fiquei a apreciá-los de tal forma que desde há vários anos os cultivo na minha pequena horta. Mas têm um problema: nenhum pica. Não deixam de ser saborosos, mas assim perde a graça toda.
Por curiosidade, perguntei pela explicação à Inteligência Artificial (IA). A resposta foi surpreendente: “A capsaicina, o composto que dá a sensação de picância, é um mecanismo de defesa da planta. A quantidade produzida pela planta depende de diversos fatores ambientais, principalmente o stress.(…) A falta de picância nos seus pimentos pode ser explicada pela rega, pois a falta de água causa stress na planta, que aumenta a produção de capsaicina. Se os pimentos foram muito bem regados, é provável que não desenvolvam essa característica. Um solo pobre ou com falta de certos nutrientes pode também fazer aumentar a produção da capsaicina. “
Em suma, foram os mimos que adoçaram os meus pimentos. Nisto, a mundo vegetal não se distingue muito do mundo animal. Sabemos que o carinho, o cuidado com que lidamos com os outros, tem a doçura e o amor como resposta. Esta será uma regra geral? Infelizmente não. Quando lidamos com personagens como Donald Trump, narcisista patológico, ou com Vladimir Putin, impiedoso criminoso de guerra e hábil manipulador, esta fórmula não funciona e, antes pelo contrário, até pode agravar os comportamentos agressivos. Veja-se o amor com que Trump recebeu no Alasca, com passadeira vermelha, o dileto amigo e seu herói Vladimir. Conversaram sobre a paz (ou rendição) na Ucrânia e a resposta aos carinhos de Trump foi o aumento exponencial dos ataques russos a civis e até a edifícios diplomáticos em Kiev. A reação de Trump para com o seu amigo é o habitual “agarrem-me que senão eu arraso a Rússia com as minhas maravilhosas tarifas”. Trump recebeu uma subserviente embaixada de dirigentes europeus que saíram felizes por a União Europeia, uma aliada que ele manifestamente despreza e menoriza, ter sido premiada com tarifa de 15 por cento. Curiosamente, tem tarifa zero o amigo Valdimir, ditador de um país inimigo dos EUA, agressor e responsável por milhões de mortos e feridos.

03/09/2025
 

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