Edição nº 1912 - 17 de setembro de 2025

Patrícia Bernardo
DEPRESSÃO PÓS-FÉRIAS

As férias são, para muitos, o momento mais aguardado do ano. Dias de descanso, viagens, reencontros com amigos e familiares ou, simplesmente, a pausa tão merecida da rotina profissional. Contudo, quando acabam, o regresso ao trabalho ou às responsabilidades quotidianas pode transformar-se numa experiência difícil. Este fenómeno é conhecido como síndrome de depressão pós-férias, um estado emocional que atinge milhares de pessoas e que, em alguns casos, pode até prolongar-se por semanas.
O que é a depressão pós-férias?
O termo refere-se a um conjunto de sintomas emocionais e físicos que surgem após o período de descanso. Embora não seja uma patologia reconhecida nos manuais clínicos como depressão clínica, é um estado real que afeta a motivação, o bem-estar e a produtividade. O choque entre o ritmo descontraído das férias e a exigência da rotina profissional ou académica cria um desajuste que o corpo e a mente nem sempre conseguem absorver de imediato.
A síndrome manifesta-se de forma variada, mas os sinais mais frequentes incluem:
- Tristeza ou melancolia persistente após o regresso;
- Ansiedade face às tarefas acumuladas;
- Insónia ou dificuldades de sono, associadas ao stress;
- Fadiga constante, mesmo após ter descansado durante as férias;
- Irritabilidade e falta de paciência em contextos profissionais ou pessoais;
- Desmotivação e perda de interesse pelas atividades do dia a dia;
- Em casos mais intensos, podem surgir dores de cabeça ou tensão muscular, como resposta física ao stress.
Estes sintomas costumam intensificar-se durante a primeira semana após o regresso, mas tendem a desaparecer com a adaptação progressiva à rotina. Contudo, quando persistem por várias semanas, é importante procurar apoio especializado.
E porque acontece?
As férias proporcionam um ritmo desacelerado, associado a experiências positivas e momentos de prazer. O regresso abrupto ao ambiente de responsabilidades, horários rígidos e pressão social ou profissional pode gerar um “choque emocional”. Além disso, a expectativa criada em torno das férias, vistas, muitas vezes, como a solução para o cansaço acumulado pode tornar a transição ainda mais difícil, às vezes agravado também pelo facto do ambiente de trabalho não ser gratificante, ou a manutenção problemas pré-existentes quer profissionais, quer pessoais.
Outro fator relevante é a falta de equilíbrio ao longo do ano. Muitas pessoas só encontram nas férias a oportunidade de se desligarem, verdadeiramente, do stress. Isso faz com que a rotina pareça ainda mais pesada após o retorno, reforçando a sensação de desajuste.
Estratégias para lidar com o regresso
Apesar de ser um fenómeno comum, há formas de reduzir o impacto da depressão pós-férias:
1. Planear o regresso com calma, evitando regressar no dia anterior ao início do trabalho. Reserve um ou dois dias para se adaptar novamente ao ritmo da vida em casa.
2. Manter pequenas rotinas de lazer, incluindo atividades prazerosas na semana, como caminhadas, leitura, cinema ou encontros com amigos. Pequenos momentos de prazer ajudam a manter o equilíbrio.
3. Cuidar do sono e da alimentação, retomando os horários regulares de descanso e apostando numa alimentação equilibrada contribui para regular o corpo e a mente.
4. Praticar exercício físico, pois o movimento liberta endorfinas e reduz os níveis de stress, sendo um dos aliados mais eficazes contra estados depressivos.
5. Gerir expectativas no trabalho, organizando as tarefas por prioridades e evite querer resolver tudo de imediato. O excesso de cobrança (até mesmo de auto-cobrança) é um dos principais fatores de ansiedade.
6. Prolongar o espírito de férias, recordando fotos, preparando uma refeição típica do local visitado ou planear a próxima viagem pode ser uma forma saudável de manter viva a sensação positiva.
7. Pedir ajuda se necessário, já que se os sintomas forem persistentes e comprometerem o bem-estar, é fundamental procurar um psicólogo ou médico. O acompanhamento profissional ajuda a diferenciar uma adaptação natural de um quadro depressivo mais profundo.
Se, por um lado, a depressão pós-férias é desconfortável, por outro pode ser um alerta importante e uma oportunidade de reflexão. Ela pode evidenciar que talvez exista um desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Perguntar-se se a rotina diária é satisfatória ou se é possível ajustar prioridades pode ser um primeiro passo para mudanças positivas. Assim, o regresso das férias não precisa de ser um momento marcado por tristeza ou ansiedade. Com pequenas adaptações e cuidados pessoais, é possível transformar este período num processo mais leve, encarando-o até como uma oportunidade de crescimento. Afinal, não são apenas as férias que nos devem trazer felicidade, mas também os momentos do quotidiano.
(Psicóloga Clínica e da Saúde)

17/09/2025
 

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