ALTERAÇÃO BRUSCA DE VENTO TERÁ PROVOCADO A TRAGÉDIA
Bombeiro da Covilhã morre a combater fogo

Os Bombeiros Voluntários da Covilhã estão de luto, devido à tragédia que se abateu sobre a corporação, quando ao início da tarde de quinta-feira um elemento perdeu a vida, no decorrer do combate às chamas de um incêndio florestal.
Pedro Miguel Jesus Rodrigues, de 41 anos, foi a vítima mortal do incêndio que deflagrou quinta-feira, perto da hora de almoço, na Coutada, e que só foi dominado às 22h43 desse dia.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, afirmou ao Público que “o bombeiro estava devidamente enquadrado por uma equipa, havia uma estratégia bem definida, mas houve uma alteração do vento que o separou dos colegas, que ainda lhe gritaram. Não conseguiu. São anormalidades que acontecem aos mais bem formados”.
Jaime Marta Soares acrescentou que um fogo florestal “é um adversário terrível, que tem armas que um ser humano não tem”, realçando que se um incêndio florestal lavra “em zonas difíceis, uma alteração brusca de vento pode ser suficiente para um bombeiro ficar rodeado pelo fogo”.
Por seu lado, o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, Joaquim Matias, adiantou à Lusa que o incidente ocorreu na localidade do Peso, avançando que o bombeiro que morreu “estava acompanhado de mais três bombeiros e tentavam evitar que as chamas chegassem às habitações que se encontravam em risco”.
Joaquim Matias afirma que “os bombeiros que o acompanhavam estão a ser alvo de apoio psicológico”.
Entretanto, ainda na tarde da tragédia, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) lamentou o sucedido, emitindo um comunicado em que se podia ler: “É com profundo pesar que sentimos a perda de um companheiro, um bombeiro, um operacional de proteção e socorro”.
A Câmara da Covilhã também emitiu um comunicado em que manifesta o “profundo pesar” pela morte do bombeiro e adianta que “disponibilizou-se imediatamente para prestar, aos seus familiares, todo o apoio que entendam necessário, numa hora tão difícil como a que estão a viver”.
A autarquia realça ainda que “acompanhou em permanência no terreno, o desenrolar das ações de combate, através da presença e ação do vice-presidente, do vereador da Proteção Civil e do chefe de gabinete, bem como do Comandante Operacional Municipal, coordenando as ações logísticas camarárias, nomeadamente as respeitantes ao fornecimento de gasóleo às viaturas de combate a incêndio; à alimentação aos homens envolvidos no combate; ao abastecimento de água e à colocação de maquinaria pesada como retroescavadoras e buldozzers”.
Em sinal de luto, na sexta-feira, a Câmara colocou a bandeira a meia-haste nos Paços do Concelho.
Ainda nesse dia, o corpo do bombeiro foi transportado para o quartel dos Bombeiros da Covilhã, onde ficou em câmara ardente até às 9h30 de sábado. Nesse sai foi depois transportado para a Igreja da Santíssima Trindade (Igreja da Estação), realizando-se a missa de corpo presente às 15h30, com o funeral a seguir para o cemitério da cidade.
Os meios envolvidos
no combate
O incêndio florestal que deflagrou na Coutada foi combatido por 41 corporações de bombeiros, envolvendo 368 elementos e 110 viaturas.
A Força Especial de Bombeiros (FEB) também esteve envolvida nas operações, com seis elementos e seis viaturas, enquanto a GNR fez deslocar para o terreno 46 elementos e 16 viaturas.
No teatro de operações esteve também o Instituto Nacional de Emergência Média (INEM), com quatro elementos e duas viaturas, bem como a Afocelca, com 39 elementos, sete viaturas e um helicóptero.
No combate às chamas estiveram também envolvidos dois aviões e sete helicópteros, com um total de 13 elementos.