Museu Francisco Tavares Proença Júnior
Amigos rompem fronteiras e homenageiam colaboradores
A Sociedade dos Amigos do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, de Castelo Branco, assinalou o Dia do Associado com a realização duma visita à exposição Las edades del hombre, patente em Alba de Tormes, Ávila e Salamanca dedicada à figura de Santa Teresa, grande intelectual e mística do Século XVI.
A presidente da Sociedade, Celeste Capelo, afirma que “entramos em contacto com um grande projeto de turismo patrimonial religioso, visitando uma proposta que tem muito a ver com a identidade peninsular. Quem sabe se Santa Teresa não terá influenciado a construção do nosso Jardim Episcopal que era um espaço de reflexão mística. Quisemos reforçar a vocação transfronteiriça do Museu da nossa cidade com a ligação a Salamanca, com cujo museu municipal temos relações privilegiadas. Isto é para nós estratégico”.
Recorde-se que a Sociedade dos Amigos do Museu de Castelo Branco faz parte do movimento Museum que, na última década, tem desenvolvido um saliente papel no intercâmbio museológico entre as regiões da Beira Baixa, de Castela e Leão e da Extremadura.
Celeste Capelo anunciou que está em desenvolvimento um projeto da exposição de Bordados de Castelo Branco na cidade do Tormes, adiantando que “é um palco cultural extraordinário e uma oportunidade que devemos construir. Afinal não esqueçamos que foi o local formativo do saber de Amato Lusitano que aí estudou no Século XVI e é um dos referenciais da história da Medicina de Salamanca”.
A cooperação transfronteiriça que o Museu Tavares Proença Júnior também esteve na razão da homenagem ao jornalista e divulgador José Santolaya e ao catedrático de Pré-história, Francisco Jordá Cerdá, este a título póstumo.
Para Pedro Salvado, membro do conselho consultivo da Sociedade que coorientou a iniciativa tratam-se de “duas figuras indiscutivelmente ligadas à história do Museu. José Santolaya contribuiu, já há décadas, para a sua divulgação promovendo uma comunhão de objetivos com várias instituições. O enobrecimento do museu albicas-trense e o espírito transfronteiriço de Castelo Branco reproduzindo os valores da cooperação e da amizade entre as regiões de fronteira luso-espanhola devem-lhe muito. O catedrático Francisco Jordá foi um dos primeiros sábios da academia verdadeiramente transfronteiriços que conheci e foi o responsável por explorações na estação arqueológica do Monte de S. Martinho. O menir e as estelas pré-históricas de S. Martinho fizeram sempre parte das suas gramáticas letivas e dos seus estudos. Foi o grande visionário de uma arqueologia ibérica inclusiva, interdisciplinar, solidária, sem as fronteiras dos homens de hoje. Esta foi uma realidade que nos de enche de orgulho e que deixou marca na matriz do nosso museu: ser uma casa da cultura sem as fronteiras”.
O correspondente da Gazeta em Salamanca, José Santolaya, foi uma das personalidades homenageadas e aproveitou a ocasião para “agradecer a todos” e realçar que “Castelo Branco tem de ser a capital da cooperação cultural e social da fronteira entre o Douro e o Tejo. Vou continuar a trabalhar para isso”, concluindo que “foi uma honra receber uma distinção dos amigos deste Museu que é um referencial grande, uma casa da cultura com memória. Honra-se quem honra. Gracias”.